PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Características gerais
Sinônimos
Blastomicose sul-americana ou moléstia de
Lutz-Splendore e Almeida.
O que
é?
A paracoccidioidomicose é uma micose
sistêmica, autóctone da América Latina, com maior ocorrência na Argentina,
Colômbia, Venezuela e no Brasil, o qual contribui com cerca de 80% dos casos.
Agente
etiológico
E causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, fungo dimorfico, o qual já foi isolado do solo,
onde se acredita que viva
saprofiticamente, ocorrendo a infecção humana pela inalação de conídios
do
fungo.
Reservatório
e fonte de infecção
O grande fator de risco para aquisição
da infecção é as profissões ou atividades relacionadas
ao manejo do solo contaminado com o
fungo, como, por exemplo, atividades agrícolas, terraplanagem,
preparo de solo, práticas de
jardinagem, transporte de vegetais. O solo e poeira, contendo
o
fungo em suspensão, constituem a fonte de infecção.
Modo
de transmissão
Em geral, a transmissão é por
inalação de partículas infectantes (conidios), dispersas na natureza.
Uma vez inalados, os conidios
transformam-se em leveduras, que constituem a forma parasitaria
nos tecidos do hospedeiro. Pode
haver transmissão por inoculação, sobretudo em acidentes
de laboratório.
Período
de incubação
É
desconhecido, podendo levar anos até que haja manifestações clinicas.
Período
de transmissibilidade
Não ha transmissão homem a homem e não
ha relatos de contagio de animais para o
homem.
Resposta Imune
•
A
resposta imune celular (geralmente Th 1) controla a infecção por citocinas que
ativam macrófagos e linfócitos T CD4+ e CD8+ (IL 2, 12, INF-γ) à
formação de granulomas compactos - células epitelióides, células gigantes,
fungos no citoplasma
•
Th1
inibe a replicação do fungo; formas quiescentes podem persistir no granuloma
•
Deficiência
de Th 1 à evolução para doença (gravidade proporcional
à imunodepressão)
•
Nas
formas mais graves há predomínio de Th 2 (IL 4, IL 5, IL 10, TGF-β) à
ativação de linfócitos B, hipergamaglobulinemia e altos títulos de Ac
específicos (proporcional à gravidade e disseminação da doença) à
granuloma frouxo - necrose e supuração, maior quantidade de fungos - ↓↓↓ T CD4
•
Progressão
da forma da doença depende:
- da virulência do inóculo
- da quantidade de inóculo inalado
- da qualidade da defesa do hospedeiro
Aspectos
clínicos e laboratoriais
Manifestações
clínicas
• Paracoccidioidomicose infecção – pode passar despercebida e regredir espontaneamente
ou evoluir para doença.
• Paracoccidioidomicose doença – que se classifica em:
› Forma aguda/subaguda;
Sintomas:
•
Linfadenomegalia;
•
Manifestações digestivas;
•
Hepatoesplenomegalia;
•
Envolvimento ósteo-articular;
•
Lesões cutâneas.
› Forma crônica:
- unifocal;
- multifocal;
Sintomas:
•
Tosse;
•
Dispnéia;
•
Expectoração muco purulenta;
•
Lesões ulceradas em pele;
•
Mucosa de nasofaringe;
•
Odinofagia, disfagia, disfonia
› Forma residual ou sequelar.
Sintomas (Decorre do processo de fibrose):
•
Disfonia;
•
Obstrução laríngea;
•
Redução da rima bucal.
Diagnóstico
•
Clínico
•
Laboratorial:
ü Achado do parasita –
células arredondadas, de dupla parede, birrefringente, com ou sem gemulação.
ü Quando há gemulação
dupla – “roda de leme”.
Provas sorológicas:
ü Imunodifusão em gel
ü Histopatologia
Tratamento
•
Drogas
antifúngicas
Ex: anfotericina B, sulfamídicos
Nas formas mais leves: itraconazol
Nas formas mais graves: anfotericina B
(o tratamento deve ser feito em regime hospitalar)
(o tratamento deve ser feito em regime hospitalar)
•
O
tratamento é de longa duração, com o tempo dependendo da gravidade da doença
(de 6 a 9
meses nas formas leves, de 12 a
18 meses nas moderadas)
•
Nos
casos onde há acometimento de vários órgãos, medidas de suporte deverão ser
adotadas
Comorbidades
São freqüentes. Dos processos
associados de natureza infecciosa, destacam-se a tuberculose,
cuja associação e registrada em 5 a 10% dos casos,
enteroparasitoses, exacerbação infecciosa de
doença pulmonar obstrutiva crônica e
aids. Menos frequentemente, tem sido relatados casos de
leishmaniose, hanseníase e outras
micoses. Entre as associações não infecciosas, destacam-se o
linfoma
de Hodgkin e carcinomas.
Diagnóstico
diferencial
O polimorfismo da apresentação
clinica da paracoccidioidomicose permite que ela seja
incluída no diagnostico diferencial
de varias condições clinicas, de causa infecciosa ou nao.
Entre as doenças respiratórias, o
diagnostico diferencial deve ser feito com a tuberculose, a
histoplasmose, a coccidioidomicose e
a sarcoidose. As lesões mucosas devem ser diferenciadas da
leishmaniose tegumentar, das lesões
mucosas da histoplasmose, das lesões neoplasicas.
As manifestações cutâneas da
paracoccidioidomicose podem se confundir com a esporotricose,
cromomicose, lobomicose, hanseníase,
treponematoses ou com neoplasias de pele. Na forma
juvenil, os principais diagnósticos
diferenciais são doenças linfoproliferativas, histoplasmose, calazar,
tuberculose
e outras micobacterioses.
Instrumentos
disponíveis para controle
Ações
de educação em saúde
A maioria destas ações exige participação
de populações expostas, sendo fundamental o repasse
das informações acerca da doença,
risco de aquisição, entre outras. Elas devem ser divulgadas,
mediante as técnicas pedagógicas e
os meios de comunicação disponíveis, esclarecendo a
importância da doença e medidas de prevenção.
Estratégias
de prevenção
Propor medidas de prevenção e
controle pertinentes, de acordo com os resultados obtidos das
analises. A Vigilância Epidemiológica
devera atuar, junto aos profissionais de saúde, promovendo
capacitação
freqüente e alerta para o diagnostico diferencial com outras doenças.