sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

PARACOCCIDIOIDOMICOSE


PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Características gerais


Sinônimos
Blastomicose sul-americana ou moléstia de Lutz-Splendore e Almeida.

O que é?
A paracoccidioidomicose é uma micose sistêmica, autóctone da América Latina, com maior ocorrência na Argentina, Colômbia, Venezuela e no Brasil, o qual contribui com cerca de 80% dos casos.

Agente etiológico
E causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, fungo dimorfico, o qual já foi isolado do solo,
onde se acredita que viva saprofiticamente, ocorrendo a infecção humana pela inalação de conídios
do fungo.

Reservatório e fonte de infecção
O grande fator de risco para aquisição da infecção é as profissões ou atividades relacionadas
ao manejo do solo contaminado com o fungo, como, por exemplo, atividades agrícolas, terraplanagem,
preparo de solo, práticas de jardinagem, transporte de vegetais. O solo e poeira, contendo
o fungo em suspensão, constituem a fonte de infecção.

Modo de transmissão
Em geral, a transmissão é por inalação de partículas infectantes (conidios), dispersas na natureza.
Uma vez inalados, os conidios transformam-se em leveduras, que constituem a forma parasitaria
nos tecidos do hospedeiro. Pode haver transmissão por inoculação, sobretudo em acidentes
de laboratório.

Período de incubação
É desconhecido, podendo levar anos até que haja manifestações clinicas.

Período de transmissibilidade
Não ha transmissão homem a homem e não ha relatos de contagio de animais para o
homem.

Resposta Imune
•       A resposta imune celular (geralmente Th 1) controla a infecção por citocinas que ativam macrófagos e linfócitos T CD4+ e CD8+ (IL 2, 12, INF-γ) à formação de granulomas compactos - células epitelióides, células gigantes, fungos no citoplasma
•       Th1 inibe a replicação do fungo; formas quiescentes podem persistir no granuloma
•       Deficiência de Th 1 à evolução para doença (gravidade proporcional à imunodepressão)
•       Nas formas mais graves há predomínio de Th 2 (IL 4, IL 5, IL 10, TGF-β) à ativação de linfócitos B, hipergamaglobulinemia e altos títulos de Ac específicos (proporcional à gravidade e disseminação da doença) à granuloma frouxo - necrose e supuração, maior quantidade de fungos -  ↓↓↓ T CD4
•       Progressão da forma da doença depende:
- da virulência do inóculo
- da quantidade de inóculo inalado
- da qualidade da defesa do hospedeiro

Aspectos clínicos e laboratoriais

Manifestações clínicas
As formas clinicas da paracoccidioidomicose classificam-se em:
Paracoccidioidomicose infecção – pode passar despercebida e regredir espontaneamente
ou evoluir para doença.
Paracoccidioidomicose doença – que se classifica em:
Forma aguda/subaguda;
Sintomas:
•       Linfadenomegalia;
•       Manifestações digestivas;
•       Hepatoesplenomegalia;
•       Envolvimento ósteo-articular;
•       Lesões cutâneas.

Forma crônica:
- unifocal;
- multifocal;
Sintomas:
•       Tosse;
•       Dispnéia;
•       Expectoração muco purulenta;
•       Lesões ulceradas em pele;
•       Mucosa de nasofaringe;
•       Odinofagia, disfagia, disfonia

Forma residual ou sequelar.
Sintomas (Decorre do processo de fibrose):
•       Disfonia;
•       Obstrução laríngea;
•       Redução da rima bucal.
Diagnóstico
•       Clínico
•       Laboratorial:

ü  Achado do parasita – células arredondadas, de dupla parede, birrefringente, com ou sem gemulação.
ü  Quando há gemulação dupla – “roda de leme”.

Provas sorológicas:
ü  Imunodifusão em gel
ü  Histopatologia

Tratamento
•       Drogas antifúngicas
Ex: anfotericina B, sulfamídicos
Nas formas mais leves: itraconazol
Nas formas mais graves: anfotericina B
(o tratamento deve ser feito em regime hospitalar)
•       O tratamento é de longa duração, com o tempo dependendo da gravidade da doença (de 6 a 9 meses nas formas leves, de 12 a 18 meses nas moderadas)
•       Nos casos onde há acometimento de vários órgãos, medidas de suporte deverão ser adotadas

Comorbidades
São freqüentes. Dos processos associados de natureza infecciosa, destacam-se a tuberculose,
cuja associação e registrada em 5 a 10% dos casos, enteroparasitoses, exacerbação infecciosa de
doença pulmonar obstrutiva crônica e aids. Menos frequentemente, tem sido relatados casos de
leishmaniose, hanseníase e outras micoses. Entre as associações não infecciosas, destacam-se o
linfoma de Hodgkin e carcinomas.

Diagnóstico diferencial
O polimorfismo da apresentação clinica da paracoccidioidomicose permite que ela seja
incluída no diagnostico diferencial de varias condições clinicas, de causa infecciosa ou nao.
Entre as doenças respiratórias, o diagnostico diferencial deve ser feito com a tuberculose, a
histoplasmose, a coccidioidomicose e a sarcoidose. As lesões mucosas devem ser diferenciadas da
leishmaniose tegumentar, das lesões mucosas da histoplasmose, das lesões neoplasicas.
As manifestações cutâneas da paracoccidioidomicose podem se confundir com a esporotricose,
cromomicose, lobomicose, hanseníase, treponematoses ou com neoplasias de pele. Na forma
juvenil, os principais diagnósticos diferenciais são doenças linfoproliferativas, histoplasmose, calazar,
tuberculose e outras micobacterioses.

 Instrumentos disponíveis para controle

Ações de educação em saúde
A maioria destas ações exige participação de populações expostas, sendo fundamental o repasse
das informações acerca da doença, risco de aquisição, entre outras. Elas devem ser divulgadas,
mediante as técnicas pedagógicas e os meios de comunicação disponíveis, esclarecendo a
importância da doença e medidas de prevenção.

Estratégias de prevenção
Propor medidas de prevenção e controle pertinentes, de acordo com os resultados obtidos das
analises. A Vigilância Epidemiológica devera atuar, junto aos profissionais de saúde, promovendo
capacitação freqüente e alerta para o diagnostico diferencial com outras doenças.