terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ascaris Lumbricoides

Na família Ascarididae, subfamília Ascaridinae, são encontradas espécies de grande importância médico-veterinária representadas principalmente pelo Ascaris lumbricoides e A. suum, que parasitam, respectivamente, o intestino delgado de humanos e de suínos. Estes helmintos são citados com frequência, pela ampla distribuição geográfica e pelos danos causados aos hospedeiros. São popularmente conhecidos como lombriga ou bicha, causando a doença denominada ascaridíase. Existe controvérsia se a ascaridíase é uma zoonose ou não.
O A. lumbricoides é encontrado em quase todos os países do mundo e ocorre com frequência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e, principalmente, do grau de desenvolvimento socioeconômico da população. Atualmente, apesar das campanhas realizadas, sabe-se que os níveis de parasitismo continuam elevados, especialmente em crianças com idade inferior a 12 anos em várias regiões brasileiras quer seja na cidade ou em zonas rurais. 

HÁBITAT

Em infecções moderadas, os vermes adultos são encontrados no jejuno e íleo do intestino delgado, mas, em infecções intensas, estes podem ocupar toda a extensão do intestino delgado. Podem ficar presos à mucosa, com auxílio dos lábios ou migrarem pela luz intestinal.

TRASMISSÃO

Ocorre através da ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos contendo a L3. A irrigação de hortas com águas de córregos contaminadas levando a contaminação de verduras com ovos viáveis. Poeira, aves e insetos (moscas e baratas) são capazes de veicular mecanicamente ovos de A. lumbricoides. Além disso, a transmissão pode ocorrer pela  contaminação do depósito subungueal com ovos viáveis, principalmente em crianças.
Os ovos de A. lumbricoides têm uma grande capacidade de aderência a superfícies, o que representa um fator importante na transmissão da parasitose. Uma vez presente no ambiente ou  em alimentos, estes ovos não são removidos com facilidade por lavagens.
A resistência dos ovos de A. lumbricoides a vários agentes terapêuticas é uma outra característica importante na transmissão da doença. 

TRATAMENTO

A OMS recomenda quatro drogas – albendazol, mebendazol, levamisol e pamoato de pirantel – para o tratamento e controle de helmintos transmitidos pelo solo.
Albendazol: este fármaco pode atuar através da ligação seletiva nas tubulinas inibindo a  tubulina-polimerase, previnindo a formação de microtúbulos e impedindo a divisão celular; e, ainda, impedindo a captação de glicose inibindo a formação de ATP pelo verme. A droga é pouco absorvida pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre diretamente no trato gastrointestinal.
Mebendazol: o mecanismo de ação de mebendazol é o mesmo descrito para o albendazol.
Levamisol: inibe os receptores de acetilcolina, causando contração espásmica seguida de paralisia muscular e consequente eliminação dos vermes. Não apresenta capacidade ovicida.
Pamoato de Pirantel: modo de ação é similar ao levamisol.
Ivermectina: sua atuação está baseada na indução do fluxo de íons cloro que atravessam a membrana, fazendo uma disruptura nervosa na transmissão de sinais, resultando na paralisia do parasita e sua posterior eliminação.
No tratamento da ascaridíase, quando há complicações como oclusão e suboclusão, é recomendado manter o paciente em jejum e passar sonda nasogástrica. Caso não haja resolução do processo oclusivo é recomendado tratamento cirúrgico.

CONTROLE

Em geral, quatro medidas são bem conhecidas para o controle das infecções por helmintos:
  1. repetidos tratamentos em massa dos habitantes de áreas endêmicas com drogas ovicidas;
  2. tratamento das fezes humanas que eventualmente, possam ser utilizadas como fertilizantes;
  3. saneamento básico;
  4. educação para a saúde.
Sendo o ovo resistente aos desinfetantes usuais, e o peridomicílio funcionando como foco de infecção, algumas medidas têm de ser tomadas para o controle desta e de outras helmintoses intestinais:
  1. construção de redes de esgoto, com tratamento e/ou fossas sépticas;
  2. tratamento de toda a população com drogas ovicidas, pelo menos, durante três anos consecutivos;
  3. proteção dos alimentos contra  insetos e poeira.

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