quinta-feira, 23 de maio de 2013

Acidente vascular cerebral ( Derrame )


O termo Acidente Vascular Cerebral, também conhecido como ‘derrame’, significa o comprometimento súbito da função cerebral por inúmeras alterações histopatológicas que envolvem um ou vários vasos sanguíneos intracranianos ou extra cranianos.
O grande problema em relação ao derrame não se encontra apenas na mortalidade, mas também na incapacitação que impõe ao indivíduo, como não se alimentar ou locomover sozinho, além do problema social.
A incidência americana está estabilizada em torno de 0,5 a 1,0 caso para cada 1.000 habitantes. Em alguns países da Europa e no Japão, esta incidência chega a 3 para cada 1.000, por motivos que não se pode explicar até o momento. No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que 87.338 indivíduos morreram de comprometimento vascular cerebral (a maioria AVC) em 2002, enquanto o enfarte provocou 61.477 mortes.
O AVC é a terceira principal causa de morte entre as patologias clínicas e a mais freqüente causa de mortalidade entre as doenças neurológicas após a Síndrome de Alzheimer. Estes índices são maiores entre os negros e proporcionais em relação ao sexo (mais freqüentes nos homens, porém mais mortal para as mulheres).
Estaremos vendo mais detalhadamente as causas e o tratamento para esta patologia, bem como o papel do profissional de fisioterapia no decorrer do trabalho.

PATOLOGIA

Os Acidentes Vasculares Cerebrais podem ser isquêmicos ou hemorrágicos. Aqueles acontecem devido ao acúmulo de placas de gordura, que dificultam a passagem de sangue, ou ao deslocamento de um coágulo que obstrui uma das artérias cerebrais. Isso faz com que o fluxo sanguíneo cerebral diminua, causando a morte das células.
O segundo ocorre quando há rompimento de um vaso sanguíneo, provocando sangramento no cérebro. Esta acumulação de líquido poderá afetar outras estruturas, comprometendo suas funções.
AVC hemorrágico subdivide-se em outros dois tipos que são:
  • Cerebral: Quando o derrame de sangue ocorre dentro do cérebro (mais grave).
  • Meníngeo: Quando o derrame de sangue ocorre à volta do cérebro (menos grave).
AVC isquêmico:
O fluxo do sangue leva consigo a gordura, que é depositada aos poucos nos vasos sanguíneos.
A gordura transportada, acaba se acumulando bloqueando a passagem do sangue (não necessariamente apenas gordura mas mostramos como um exemplo). Vemos que do outro lado o vaso resseca pela falta de suprimento sanguíneo.
O fluxo sanguíneo para as regiões do cérebro vão diminuindo e não tem mais capacidade de suprir sangue necessário para irrigar e manter vivas as células da região do órgão.
A mancha representa as células mortas da região não irrigada. Dependendo da região podem causar seqüelas como citadas em paginas anteriores. Este é o pico máximo do AVC isquêmico. Chame ajuda imediatamente em caso de um ataque.
AVC hemorrágico
Como vemos no gráfico, a pressão arterial comprime as paredes do vaso, contrário do fluxo do sangue que percorre no sentido vertical, e a pressão no sentido horizontal, conforme a ilustração.
A forte pressão em relação a parede do vaso, causa o enfraquecimento da parede e a dilatação, gerando então a ANEURISMA.
Por fim, a aneurisma se rompe, causando a hemorragia cerebral e danificando os tecidos decorrente do sangue respingando.
Como podemos evitar o AVC?
  •  Mantenha a pressão arterial sob controle.(Desta maneira, diminuirá o risco de aneurismas nos vasos como diversas outras patologias)
  •  Tenha uma alimentação saudável: evite gorduras e frituras, coma bastante frutas, verduras e fibras.
  • (Como dito em paginas anteriores, a gordura é o fator principal de patologias pelo seu acumulo nos vasos)
  •  Modere a ingestão de bebidas alcoólicas.
  •  Evite o consumo de sal em excesso.

(Para pacientes com hipertensão arterial, o sal aumenta ainda mais o volume de sangue circulante nas artérias e, logo, aumenta a pressão. Além disso, o sal tem um efeito direto sobre a parede das artérias, fazendo constrição e aumentando a pressão arterial. O principal vilão é o cloreto de sódio (NaCL) pois a ingestão do mesmo presente no sal, causa aumento de sede no indivíduo e de sódio no sangue. O Organismo precisa de mais água para diluir o sódio. Isso resulta na PA elevada.)
  •  Não fume.

O tabagismo é um fator de risco muito claro para o AVC e aumenta em duas vezes o risco. O uso de fumo facilita a arteriosclerose (envelhecimento das artérias com depósito de colesterol e formação de placas ulceradas, que levam a trombose ou estenose grave das artérias). Além disso, o uso crônico de fumo pode produzir placas de ateroma nas artérias das extremidades inferiores provocando síndrome de dor chamada claudicação intermitente e é, ainda, causa de cardiopatia, isquemia e infarto do miocárdio.
  •  Controle o peso.
  •  Pratique exercícios físicos regularmente.
  •  Evite o estresse: faça atividades relaxantes como uma caminhada ao ar livre, conversar com amigos, passear com o cachorro.

 Tratamento
Profissionais afirmam que é importante para a reabilitação do paciente com derrame que o mesmo receba atendimento em, no máximo, 3 horas após o início do “acidente”. Para isso, deve-se ficar atento aos sintomas, que, em geral são: fraqueza, convulsões, perda sensitiva, alteração da fala e da visão. Nas palavras do Dr. Eli Evaristo:
“(...) às vezes, a pessoa apresenta sintomas transitórios aos quais não é dada a devida atenção. Por exemplo, o braço ficou adormecido por cinco ou dez minutos, depois voltou ao normal e nenhuma providência foi tomada porque o sintoma desapareceu”. (EVARISTO, Eli, 2004. Fonte: www.drauziovarella.com.br/entrevistas).
Isto é um erro, pois a recuperação do paciente depende muito da rapidez com que ele é atendido.
No hospital, devem-se fazer os exames necessários para diferenciar o AVC hemorrágico do isquêmico e, assim, aplicar o devido tratamento a cada um deles. Segundo um dos neurologistas do Hospital São Luiz de São Paulo, Dr. Luiz Manreza, a tomografia fará esta diferenciação e a ressonância poderá dar uma imagem melhor da lesão.
Os problemas que aparecem depois de um derrame dependem do tamanho e do lugar do cérebro que foi lesado. No início, ocorre uma fase de flacidez, isto é, os músculos ficam moles e sem movimento. Esta fase pode durar dias ou meses. Às vezes a perda da sensibilidade é tão grande que o doente não reconhece esta parte do corpo, esquecendo que possui mais um braço ou mais uma perna.
Passando essa fase, os músculos ficam mais duros. Esse aumento na tensão dos músculos chama-se espasticidade. Geralmente ela deixa o braço encolhido, encostado no peito, com a mão fechada. A perna fica encostada e com o pé caído. Se a espaticidade não for controlada podem ocorrer atrofias, deformidades no osso e na articulação e perda dos movimentos no braço, perna e tronco.
Devido à dificuldade de equilíbrio, o doente pode cair facilmente, com possível fratura. Muitos pacientes reclamam de dor no ombro. Essa dor é devido à paralisia que deixa o ombro deslocado com inflamações nessa articulação.
O doente pode ter crises de choro freqüentes, devido à lesão ou à depressão ao ver-se enfermo. Outro sintoma que pode estar presente é a perda da capacidade de falar, necessitando de tratamento fonoaudiólogo.
A recuperação dos movimentos após o Acidente Vascular Cerebral pode durar meses ou anos, podendo deixar seqüelas eternas. A fisioterapia, neste caso, visa diminuir e controlar a espasticidade, manter o movimento nas articulações e estimular os músculos paralisados, para melhoras no equilíbrio, nos movimentos e a maior independência dos pacientes.
O tratamento de uma Acidente Vascular Cerebral é feito através dos exercícios físicos, realizados pelo fisioterapeuta, sempre procurando deixar o paciente realizar sozinho o que ele consegue. O fisioterapeuta controla e estimula os movimentos, corrigindo posições erradas. O tratamento é modificado de acordo com a melhora do paciente, por isso a importância do acompanhamento com o fisioterapeuta que analisa, modifica e inclui outros exercícios no tempo certo.
“O paciente com derrame deve ter muita paciência, pois o tratamento é longo e os resultados são pouco evidentes em curto prazo” (Evaristo, 2004; citado por Drauzio Varella, 2004). A família deve estar consciente disso, a fim de ajudar o doente em casa e não fazer cobranças excessivas, o que poderá deixar o doente ansioso e atrapalhar o tratamento.

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