terça-feira, 17 de setembro de 2013

Incontinência urinária


Distúrbio com perda involuntária de urina. É considerado um problema social e de higiene. Mais prevalente em mulheres idosas e multíparas.
A incontinência urinaria de esforço genuína é a perda involuntária de urina decorrente de uma pressão vesical maior que a pressão uretral máxima, sem contração do musculo detrusor. Incontinência de urgência é a perda involuntaria associada ao desejo intenso de micção.
A micção normal é realizada pelo relaxamento voluntário do assoalho pélvico e da uretra, acompanhada por contração mantida do musculo detrusor (estimulo parassimpático), levando ao esvaziamento vesical completo.

Etiologia
·    
     Tocotraumatismo (Parto normal: leva a laceração de fibras da musculatura do períneo e compressão de nervos pelvicos podendo ocasionar a incontinência urinária –uso de fórceps, tamanho do feto, tipo de parto)
·         Doenças agudas e crônicas (DM, ITU de repetição, esclerose multipla)
·         Hipoestrogenismo (menopausa: o trato urinário é cheio de receptores estrogênicos que quando estimulados aumentam o fluxo sanguíneo na uretra e isso ajuda na continência urinaria, na menopausa a falta de estrogênio reduz esse mecanismo de contenção).
·         Hiperreflexia do detrusor (a causa pode ser central ou periférica pela lesão de plexos nervosos).
·         Outros fatores: tabagismo, obesidade e ocupações que exijam esforço físico.

Tipos
•         
Transuretral – é a saída da urina através do canal da uretra. É ocasionada por esforço.
•          Extrauretral – é a saída da urina por outro canal que não a uretra. É ocasionada por um defeito congênitocomo:ureter ectópico, má formação e fístula – vesico-vaginal (uretro-vaginal, útero-vesical euretero-vaginal).

Investigações
        A continência urinaria depende tanto da pressão de fechamento da uretra quanto da integridade anatômica da região do trígono e da própria uretra.          
Na investigação da incontinência urinaria deve-se fazer uma anamnese completa, pois essa é fundamental para caracterizar o tipo de incontinência (se ocorre aos esforços ou se é associada a urgência), grau de interferência na qualidade de vida, desejo de tratamento, avaliação geral para diagnosticar condições que pioram ou interferem no tratamento e detectar os quadros de incontinência complicada (necessitam de exames complementares e são acompanhados de outros sintomas como hematúria, infecção urinaria recorrente, dificuldade miccional, radiação pélvica, cirurgia pélvica radical e suspeita de fístula). Quando ocorre aos mínimos esforços deve-se pensar em lesão esfincteriana. Para quantificar a perda é importante questionar sobre o uso de protetores higiênicos e a frequência das perdas. No passado obstétrico perguntar sobre os tipos de partos e pesos dos RNs, cirurgias previas. Pesquisar doenças neurológicas que podem levar a incontinência urinaria como Parkison, AVC. Perguntar sobre o uso de medicamentos que alteram o trato urinário inferior como: sedativos, álcool, anticolinérgicos, alfa bloqueadores, bloqueadores do canal de cálcio e agonistas alfa adrenérgicos.
                A análise completa da urina e uroculturafazem parte da propedêutica inicial. Ela é importante porque infecções de urina podem mimetizar a sintomatológica presente na incontinência urinaria.
 O exame físico divide-se em exame ginecológico especifico e exame geral. No ginecológico a paciente deve ser examinada com a barriga cheia na posição de litotomia. Pode-se pedir a paciente para realizar manobra de vasalva ou tosse para ver se há perda de urina e ao mesmo tempo avaliar prolapso. Um exame neurológico simplificado deve ser realizado com o objetivo de avaliar a inervação periférica. Importante avaliar também a musculatura do períneo.
 A medida de volume urinário residualpode ser medida via cateterização ou via ultrassom. Ela deve ser medida em toda paciente com sintomas de dificuldade miccional ou naquelas com historia de infecção urinaria recorrente. É importante também montar um Gráfico da frequência e volume vesical.
O teste urodinâmico é qualquer procedimento que visa estudar em laboratório o funcionamento do trato urinário baixo (bexiga e uretra). O estudo não é indicado em todas as pacientes, pois em algumas o tratamento pode ser instituído apenas após a avaliação inicial. As indicações para esse estudo são:
•          Sintomas mistos;
•          Falha do tratamento conservador;
•          Falha do tratamento cirúrgico;
•          Antes do tratamento cirúrgico;
•          Historia de dificuldade miccional;
•          Doenças neurológicas associadas;
•          Historia de cirurgia pélvica radical ou radioterapia.

Os objetivos do estudo são: reproduzir o sintoma da paciente, avaliar a sensação vesical, detectar hiperatividade do detrusor, avaliar a competência uretral, avaliar a função do detrusor durante a micção, avaliar o trato de saída durante a micção, avaliar o volume de urina residual. Os exames que compõe o estudo urodinâmicos são a fluxometria (determina o fluxo urinário livre, é excelente para determinar obstruções), a cistometria (medida da pressão vesical enquanto a bexiga se enche, avalia o musculo detrusor) e o estudo miccional.

Valores normais aproximados para débito urinário diário em mulheres:

Débito urinário total em 24 h.-------------------1500 – 2000 ml (depende da altura e do peso da mulher)
Frequência diurna de micções ----------------7 – 8 micções
Nictúria ---------------------------------------------0 – 1 micção (Nictúria é o numero de vezes que vai a noite no banheiro)
Volume eliminado médio -----------------------250 ml
Maior volume eliminado-----------------------  400 – 600 ml
(capacidade vesical funcional)

Valores cistométricos normais aproximados em mulheres

Urina residual------------------- < 50 ml
Primeiro desejo de urinar----  150 – 250 ml
Capacidade cistométrica-----  400 – 600 ml

Tratamento
                As duas causas de disfunção miccional na mulher mais importantes são a hiperatividade do detrusor e incontinência urinaria de esforço. É muito importante diferenciar essas duas doenças, pois o tratamento é diferente.
A)     Hiperreflexia do detrusor (é considerado uma doença funcional)
Nessa situação a incontinência urinaria é ocasionada por contrações não inibidas do musculo detrusor.
1-      Fisioterapia: permite o fortalecimento das fibras urinarias através de eletroestimulação (inibição do detrusor) e medidas comportamentais como o reitrenamento vesical (urinar em horários fixos);

2-      Fármacos: a maior parte das drogas age bloqueando os receptores colinérgicos na bexiga. No entanto devido a ação não especifica de bloqueio de receptores M3 (responsáveis pela contração do detrusor), os efeitos adversos são muitos e podem levar  a não continuidade do tratamento. As principais drogas utilizadas no tratamento são:

•         antiespasmódicos (tentativa de controlar as contrações do ureter)
•         anticolinérgicos (controle do esfíncter)
•         antidepressivos (estudos mostraram que a redução do humor leva a relaxamento muscular)
•         bloqueadores de canal de cálcio

B) Hiperestrogenismo
•         fisioterapia : a base desse procedimento é a reeducação do assoalho pélvico com o objetivo de reaprender o reflexo de contração. Pode ser feito mediante exercícios cinesioterapia ou eletroestimulação.
•         hormônios: quando possível instituir a TRH

C) Tocotraumatismos
•         perineoplastia (retira-se um pedaço do períneo posterior ou anterior)
•         sling: colocação de materiais sintéticos ou tecidos autólogos suburetrais com o objetivo de sustentar e alongar a uretra.
•         Manchester: cirurgia na qual se eleva o trígono vesical.
•         marshal-marchetti e burch: cirurgias retropubicas
D) Doenças agudas e crônicas: tratamento da causa base e reeducação
   E) Fistulas/ defeitos congênitos:cirurgias de correção





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