Endometriose
Conceito:
Consiste
na presença de tecido endometrial funcionante (com glândulas e estroma) fora da
cavidade uterina, podendo ser encontrado na pelve e em outros locais.
Incidência
É
uma doença característica da menacnme. Esta associada principalmente a dor
pélvica crônica, disminorréia e infertilidade. Comete:
·
1% das mulheres em idade reprodutiva;
·
15% das mulheres com infertilidade;
·
20% dos paciente com dor pélvica;
O pico de incidência é de 30-45 anos. A história familiar é um
importante fator de risco, além das malformações vaginas e uterinas. É também
mais comum em paciente com menarca precoce, menorragia e ciclos menstruais
curtos.
Locais mais comuns de implantação
O
tecido endometrial ectópico pode ser encontrado em diversos órgão ou tecidos,
os mais frequentes por ordem são:
·
Ovários;
·
Ligamentos redondos, largos e úteri-sacros;
·
Fundo de saco posterior ou de Douglas;
·
Fundo de saco anterior;
·
Pregas vesico-uterinas e uterinas.
Fatores que influenciam na endometriose:
·
Genéticos: mulheres com parentes em primeiro
grau com endometriose correm um risco 7 vezes maior de desenvolver o distúrbio.
·
Pariedade tardia: quanto mais tempo a mulher
demora a ter filhos mais tempo ela ficará menstruada e maior o seu risco de
fluxo retrógrado.
Fisiopatologia:
A
etiologia da endometriose ainda é desconhecida. Varias teorias tem sido
propostas para explicar a gênese da doença, porém nenhuma é universalmente
aceita. As teorias são:
·
Teoria do refluxo menstrual e do transporte e
implantação: teoria proposta por Sampson ela se caracteriza pela semeadura
de células endometriais que possuem capacidade de implantação na cavidade
pélvica através da regurgitação transtubária do fluxo durante a menstruação.
Ela falha ao explicar os implantes endometriais extrapélvicos mas explica os
implantes nos ovários, fundo de saco posterior e anterior e ligamentos
útero-sacros.
·
Teoria da metaplasia celômica: é a
transformação de células totipotenciais pertencentes ao epitélio celômico, em
endométrio. Ela se baseia na origem embrionária comum dos ductos de Müller.
Explica a endometriose em mulheres que nunca menstruaram.
Manifestações clínicas
Pode
gerar infertilidade, disminorréia progressiva, dor pélvica crônica lateral,
profunda e cíclica (coincidindo com o período menstrual), dispareumia, dor
retal, disúria e hematúria.
Diagnóstico:
O exame clinico deve ser realizado a
época da menstruação, quando os implantes estão em atividade. Pode ser
encontrada retroversão fixa do útero, massa anexialfixa,enduração do fundo de
saco com aumento da sensibilidade local e nodulação em cicatriz de cesariana.
Os exames complementares utilizados são:
O US (visualiza apenas implantes >5mm), a dosagem de CA 125 (encontra-se
aumentado na endometriose mas não é especifico da doença, é um marcador
tumoral), RM (falha ao detectar pequenos implantes e aderência),
videolaparoscópia (padrão ouro para diagnóstico de endometriose, além de ter
possiblidade terapêutica).
Tratamento:
Independente
do quadro clinico, a endometriose costuma progredir em 2/3 das pacientes após
um ano de seu diagnóstico, dai a necessidade de tratamento. O tratamento
definitivo de endometriose é sempre cirúrgico.
Tratamento medicamentoso:
O
tratamento hormonal tem como objetivo a inibição da produção de estrogênio, que
é um indutor do crescimento dos implantes. As diversas drogas apresentam
eficácia semelhante, não havendo superioridade nítida de uma sobre a outra ate
o momento. As opções são:
·
Contraceptivos orais: são usados de 6 meses á 1
anos de forma contínua. Induzem a um estado de pseudogravidez, inibindo a
menstruação e permitindo atrofia do foco endometriótico.
·
Progestogênios: são uma boa escolha pelo baixo
custo, poucos efeitos colaterais e alta eficácia. Produzem dicidualização e
atrofia do tecido endometriótico. Pode ser empregado o acetato de
medroxiprogesterona na dose de 30mg/dia por via oral ou por via intramuscular,
na dose de 150mg a cada 3 meses ou a cada mês.
·
Gestriona: agente antiprogestacional que possui
efeitos androgênicos, antiestrogênicos e antiprogestagênicos. A desvantagem
desse fármaco é ocasionar uma virilização da paciente.
·
Danazol: medicamento com propriedades
androgênicas que age inibindo a secreção de GNRH e é agonista de progesterona.
Causa muitos efeitos colaterais como ganho ponderal, retenção hídrica, acne,
pele oleosa, hirsurtismo, fogachos, vaginite atrófica, redução de mamas,
redução de libido, instabilidade emocional e cãibras. Causa na paciente uma
pseudomenopausa.
·
Análogos do GNRH: geram dessensibilização dos
receptores do GNRH gerando uma diminuição na liberação de gonadotrofinas
hipofisárias (causam hipogonadismohipogonadotrófico). Criam também uma espécie
de pseudomenopausa. Não deve ser usado por mais de 12 meses pelo risco de
osteoporose.
Tratamento
cirúrgico:
A cirurgia tem o objetivo de restaurar
as relações anatômicas para o mais próximo do normal possível, além de poder
tratar um maior numero de lesões. Os tratamentos disponíveis são:
·
Videolaparoscópiacom eletrocauterização: sempre
indicada em endometriomas maiores que 2 cm. Permite tratar uma maior numero de
lesões. É muito utilizada nas pacientes que querem preservar a reprodução.
·
Castração por ooferectomia bilateral: é o
tratamento definitivo para a endometriose pois elimina os estímulos
estrogênicos.
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