Trombose
venosa profunda (TVP)
A
TVP aguda é uma grande causa de mortalidade e morbidade nos pacientes
hospitalizados, particularmente no paciente cirúrgico. Ocorre a partir de um pocesso trombótico
iniciado em um segmento venoso na ausência de anticoagulação ou na sua presença
inadequada, propagando-se e envolvendo segmentos mais proximais do sistema
venoso profundo, resultando em edema, dor e imobilidade. Sua complicação mais
temida é a embolia pulmonar, um condição potencialmente fatal. O surgimento da
doença é explicada pela presença de alguns dos parâmetros da tríade de Virchow:
estase crônica, lesão endotelial e estados de hipercoagulidade (mutação do
fator V de Leiden; mutação do gene da protrobina, deficiência de protíena C e
S, deficiência de antitrombina III, homocisteínemia, síndrome de
antifosfolípede, lupus, anticardiolipina).
A
TVP ocorre em cerca de 100 pessoas por 100.000 de habitantes por anos nos EUA.
A incidência aumenta com a idade, com uma incidência de 0,5% por 100 mil
habitantes aos 80 anos de idade (isso ocorre pelo aumento da fragilidade venosa
que ocorre pelo envelhecimento). Mais de
2/3 desses pacientes tem TVP sozinho, e os restantes têm evidência de embolia
pulmonar. A taxa de recorrência com o uso de anticoagulante foi observada ser
de 6% á 7% nos seis meses que se seguiram.
Nos EUA, a embolia pulmonar provaca 50.000 á 200.000 mortes por ano. Se
as consequências de TVP, em termos de embolia pulmonar e AVC (só ocorrem em
pacientes cardiopatas), devem ser evitados, a prevenção, diagnóstico e
tratamento de trombose venosa profunda deve ser otimizado.
As etiologias que podem
gerar a TVP são: trauma, irradiação, fibrose retroperitoneal, aneurismos, cisto
de Baker (aneurisma de poplítea).
FATORES DE RISCO
·
Idade maior que 65 anos;
·
Grávidas (estão em estado de hipercoagulidade);
·
Pós-operatório (pacientes ficam mais acamados o que predispõe
a estase sanguínea);
·
IMC alto (>30);
·
Câncer (trombose venosa paraneoplásica);
·
Imobilização prolongada (viagens longas);
·
Tabagismo;
·
TVP prévia;
·
Politrauma;
·
Doença de Crohn
OBS: síndrome de
May-Thurner: compressão extríseca da veia íliaca comum esquerda.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
O
diagnóstico de TVP requer alto índice de suspeição. O sinal de Homans, que se
refere a dor na panturilha quando se faz a dorsiflexão do pé, pode não estar
presente, mas se presente confirma o diagnóstico. Geralmente nota-se um edema
assimétrico. É importante lembrar que a extensão da trombose venosa é um
importante fator para a apresentação sintomática. Por exemplo, a maioria dos
trombos na panturrilha tenem a ser assintomáticos a não ser que haja propagação
proximal. Apenas 40% dos pacientes têm sintomas. Quando sintomáticos, os
pacientes apresentam edema crônico, dor e claudicação venosa (edema grave com
sensação de peso), assimetria de membros inferiores, edema subcutâneo (sinal de
Godet- sinal de cacifo), trajetos venosos superficiais vísiveis (sinal de
Pratt- varizes secundárias á TVP) e presença de manifestações gerais como febre
baixa, taquicardia e mal estar. Outors sinais encontrados são o sinal da bandeira (panturrilha dura
contra uma superfície óssea) e o sinal de
Bancroft (empastamento na palpação contra uma superfície óssea).
Uma
trombose venosa envolvendo o sistema venoso ileofemural resulta em um maciço
edema na perna com cacifo, dor e palidez, quadro chamado de phegmasia
alba dolens. Com a progressão da doença pode haver comprometimento do fluxo
arterial pelo grande edema, gerando uma perna ciánotica e muito dolorosa,
chamada de phegmasia cerulea dolens.
Se esta condição progride pode haver desenvolviemnto de gangrena venosa.
Os
sintomas mais frequentes são o edema e a dor (incidência de 86,7%), depois
aumento da consistência muscular (69,7%), dor no trajeto venoso (63,3%), sinal
de Homans (61,7%), dilatação de veias superficiais (48,6%) e cianose (11,5%).
EXAMES
·
Flebografia/Plestimografia: são utilizados em casos de alta
suspensão. A pletismografia mede a alteração na capacitância venosa e o índice
de esvaziamento do volume venoso na oclusão temporária e na liberação do
sistema venoso. Um manguito é inflado ao redor da coxa proximal, até o sinal
eletrico atindir um platô. Com o esvaziamento do manguito deve haver rápido
refluxo e redução do volume. Na trombose venosa há um prolongamento na onda de
refluxo. Não é muito usado clínicamente.
·
US dopler: o dupex scan é o teste de escolha para avaliação
de trombose venosa. Sua vantagem é ser um teste não invasivo. O transdutor
permite avaliar a compresividade da veia, que normalmente é facilmente
comprimida, mas na presnça de trombo apresenta resistência a compressão. Permite
também avaliar a cronicidade do trombo pela ecogenicidade desse.
·
D-dímero: teste que mede os produtos de degradação da
fibrina. O D-dímero é um substítuto da atividade da plasmina na fibrina. Tem
alto valor preditivo negativo (96%), por isso se esse teste for negativo
provavelmente o paciente não tem TVP. Em caso de teste positivo, pode ou não
ser TVP porque outras situações podem causar sua elevação como é o caso de pós-operatório.
·
Venotomografia ou RM venosa: é feita através de injeção de
contraste no sistema venoso (no caso da TC), é um bom exame para avaliar
oclusões e as veias pélvicas.
Na investigação diagnostica
os primeiros exames a serem realizados são o US e o D-dímero. Se caso haja alta
suspeita no US mas o D-dímero estiver negativo, deve-se usar outro método
dignóstico. Mas se hover baixa suspensão e o D-dímero for negativo, o paciente
não tem TVP.
PROFILAXIA
É
utilizada para os pacietes que sofreram operação de grande porte abdominal ou
ortopédica, trauma grave ou imobilização prolongada (>3 dias). Os métodos de profilaxia podem ser mecânicos
ou farmacológicos. O método mais simples é paciente andar (ativação do
mecanismo de bomba da panturrilha). Outro método utilizado é a compressão
intermitente ou pneumática, são aparelhos que comprimem periodicamente as
panturrilhas , ativando o mecanismo de bomba dessas. O método farmacológico é
feito através do uso de minidoses fixas de heparina (5.000 u á 25.000u da HNF
divididas em 3 doses/dia ou HBPM 20mg em idosos e 40mg em não idosos-estudos
têm mostrado que esta é mais eficaz, além de não necessitar de controle com o
TTPa).
TRATAMENTO
Qualquer
tromboembolismo envolvendo o sitema femoropoplíteo de ver ser tratado com
anticoagulação plena (heparina plena: HNF –bolus 60u/Kg, 4 hs após avaliar TTPa
que deve estar entre 1,5 e 2,5, com dose de manutenção de 12u/Kg/hora, sendo em
doentes renais a dose deve ser a metade; HBPM –img/Kg BID, sem monitorização).
A anticoagulação oral com o
warfarin é iniciada no mesmo dia. Se for iniciada sem a heparina , existe um
risco de hipercoagulidade transitória, porque os níveis de proteína C e S caem
antes dos outros fatores dependentes de vit K serem depletados (leva 3-5 dias
para fazer efeito). O tempo minímo para o tratamento com o uso de
anticoagulante oral é de 3 meses, mas se caso o paciente tem um estado de
hipercoagulidade conhecido ou já teve episódios de trombose venosa, a
anticoagulação deve ser por toda a vida. A monitorização do anticoagulante deve
ser feita com o RNI, que deve ficar entre 2 e 3). Esse tratamento é
teratogênico e não deve ser utilizado durante a gravidez (usar HBPM).
A trombolíse tem o objetivo
de reestabelecer o fluxo rapidamente, impedindo o desenvolvimento de
insuficiência venosa crônica. A alternativa para esse tratamento é a trombectomia
venosa cirúrgica. A incidência de sangramento importante é maior com essa
terapia.
No caso de paciente
utilizando anticoagulaçao adequada mas que desenvolve embolia pulmonar ou que
tem contra-indicação para o uso de anticoagulante, a alternativa é o uso do
filtro de veia cava. Os filtros são colocados por via percutânea sobre um fio
guia (o mai usado é o filtro de Greenfield). As complicações desse métodos são:
hematoma da ferida, migração do filtro para dentro da artéria pulmonar e
oclusão da VC por grande êmbolo.
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