Melanoma cutâneo
Corresponde a uma neoplasia maligna de
melanócitos, resistente tanto à quimioterapia como à radioterapia, pelo que o
seu tratamento de eleição é cirúrgico. Em virtude do alto potencial
metastático, o objetivo principal consiste no diagnóstico e tratamento na fase
inicial da doença.
Epidemiologia e causas
O câncer de
pele é a forma mais comum de câncer, sendo responsável por pelo menos metade de
todas as malignidades. O melanoma é um cancro dos melanócitos, células de
origem na crista neural que migram durante o desenvolvimento fetal a vários
órgão e tecidos, mas predominantemente para a pele. Os melanócitos na pele são
posicionados ao longo da membrana basal na junção dérmico-epidérmica.
É a gora o 5º
câncer mais comum em homens e o 6º tipo mais comum de câncer em mulheres. Melanoma
corresponde por menos 5% dos casos de câncer de pele. A incidência é maior na
Austrália e menor no Japão entre os países desenvolvidos.O doente é claro, de
olhos claros e que é predisposto ao sol (australianos).
A incidência
tem aumentado acentuadamente nas ultimas décadas. A taxa de mortalidade tem sido estável desde
de 1990 mas continua a subir gradualmente um pequeno aumento para homens com 65 anos ou mais ( maior grupo
que tem maior incidência de melanoma).
É uma doença
predominantemente de brancos. O grau de pigmentação da pele é um fator de
proteção contra o melanoma cutâneo.
Fatores de
risco
·
Tipo de pele (cabelos loiros, olhos azuis, ou
ruivos que tem a pele clara);
·
Reação à exposição ao sol (sardas, incapacidade
para bornzear, propensão para queimaduras solares);
·
Historia de empolamento grave;
·
Queimaduras;
·
Exposição intermitente ao sol;
·
Status sociocultural superior;
·
Historia familiar de melanoma;
·
Grande numero de nevos;
·
Nevo congênito gigante;
·
Presença de nevos displasicos;
·
Imunossupressão;
·
Historia de melanoma prévio ou de outros
canceres de pele;
·
Xeroderma pigmentoso.
A media de
melanoma anual ajustada para a idade/100.000 pessoas é de 18,4 para brancos em
comparação com 2,3 para os negros, 1,6 para os asiáticos, 1,0 para os nativos
americanos e 0,8 para os afro-americanos. O melanoma é pouco mais comum em
homens que em mulheres.
Afeta paciente
em todas as fases da vida. É mais prevalentes em idosos (media de idade de 50
anos), mas é um dos canceres mais comuns em adultos jovens e adolescentes. Por
causa da idade relativamente jovem dos pacientes com melanoma, este esta entre
os piores tipos de canceres em termos de anos de vidas perdidos por doença
maligna.
Causa primaria
não esta totalmente definida, mas é claro que a exposição á radiação
ultravioleta constitui um fator chave causador. Comprimento de onda UV são
classificados como UVA (mais vilão porque atinge áreas mais profundas da pele)
ou UVB. O UVA possui o comprimento de onda mais longo (320-400nm) que o do UVB
(290-320nm). O UVA, o comprimento de onda predominante nas camas de
bronzeamento e luzes, penetra mais profundamente na pele que o UVB. Embora a
radiação UVA tenha sido desde há muito conhecida por desempenhar um papel
importante no envelhecimento da pele e formação de rugas, evidencias recentes
tem implicado a radiação UVA na causa de cancros da pele não melanoma.
Nos centros de
melanoma em todo o país, os adolescentes e adultos jovens são frequentemente
encontrados com melanoma, principalmente mulheres jovem que sofreram
bronzeamento. Exposição a radiação ultravioleta do sol é um importante fator de
risco, especialmente naqueles com pele clara, que são mais susceptíveis a queimaduras
solares. UVB causa danos na pela mais superficiais de camadas epidérmicas e é a
principal cauda de queimaduras solares, mas tem sido implicado no
desenvolvimento de melanoma também.
O melanoma na pele inicia-se habitualmente na epiderme a
partir de mutação ocorrida em melanócito aí localizado. É denominado MM in situ enquanto se encontra confinado
à epiderme, incluindo-se nesta o epitélio anexial (folículos pilosos e
glândulas sudoríparas). Nesta fase, não existe risco de metastização, em
virtude de o epitélio carecer de vasos sanguíneos e linfáticos. O passo seguinte na evolução do MM
corresponde à invasão da derme e é a partir deste momento que o MM se torna
realmente “maligno”, uma vez que ganha a possibilidade de metastizar para
tecidos e órgãos distantes.
Só em cerca de um quinto dos casos o MM
tem origem em lesão melanocítica benigna prévia, como nevos congénitos,
principalmente nos denominados congénitos gigantes (quando o seu maior eixo é
superior a 20 cm) e também em nevos adquiridos (nevos displásicos, ou muito
raramente, em nevos azuis).
Lesões precursoras
Apesar dos
melanomas surgirem frequentemente de novo, eles podem desenvolver dentro de
lesões precursoras, como nevos displásicos e nevo congênito.
NEVOS
DISPLÁSICOS
São nevos
benignos e não usuais, que podem assemelhar-se ao melanoma. Em geral, um nevo
displasico tem 6-15 mm de diâmetro (
lesão plana, não define bem em pele normal e área da lesão, se for leve retirar
apenas a lesão, se for maior retirar até 2,5cm da pele), sendo uma lesão
pigmentada na pele com margens indistintas e cor variável. Apesar disso, a distinção clinica entre um
nevo com ou sem displasia é muito difícil.
Nevos
displásicos são normalmente descritos como tendo displasia leve, moderada ou
grave. Aqueles com displasia moderada ou grave devem ser retirados com margens
negativas e ampla excisão local (PAE) é desnecessária. Aqueles com displasia
leve normalmente não requerem excisão com margens negativas e podem ser
observados.
Um tipo de
nevo que existe é o nevus gigante congênito. Eles podem ocorrer em qualquer
parte do corpo e cobrir grandes áreas. Esses nevos causam problemas estéticos e
patológicos , pois tem maior predisposição para desenvolvimento de melanoma
maligno. É considerado uma lesão pré-maligna.
MELANOMA FAMILIAL
É denominado
de síndrome de nevo displásico, familiar típico múltipla, mole-melanoma
síndrome (FAMMM) e BK síndrome de mole, entre outros. Essas síndromes incluem
pacientes com melanoma em um ou mais parentes do primeiro grau, com presença de
grande numero de nevos melanócitos (muitas vezes 50-100 ou mais), alguns dos
quais são clinica ou histologicamente atípicos ou displásicos. Pode haver
também uma historia familiar de outras doenças malignas, especialmente o cancro
pancreático. Esses paciente necessitam de avaliação dermatológicas detalhadas
varias vezes por ano, com biopsias periódicas das lesões suspeitas.
As mutações do
gene CDKN2A na região 9 p21 foram demostrados em famílias com essas síndromes.
Esse gene tem a função de supressão da proliferação celular. Mutações no
ciclina dependente de quinase 4 (CDK4) e ciclina-dependente de 2ª inibidor de
quinase (CDKN2A) também tem sido implicados. A base hereditária já foi
estabelecida para a minoria de pacientes com melanoma
CERATOSE SEBORREICA
Trata-se de
lesão regular, bordas bem definidas, sendo lesão benigna que não leva a
melanoma. Sue aparecimento esta relacionado à exposição ao sol.
Anatomia da pele
A pele é composta por três camadas interdependentes: a
epiderme, mais externa; a derme, intermediária; e a hipoderme ou panículo
adiposo, sobre a qual repousam as camadas já citadas, permitindo que a pele se
movimente livremente sobre as estruturas mais profundas do corpo. Os melanócitos são
células dendríticas de origem ectodérmica que sintetizam pigmento melânico.
Localizam-se na camada basal e seus dendritos estendem-se por longas distâncias
na epiderme, estando em contato com muitos queratinócitos para os quais
transfere melanina. O melanócito e os queratinócitos com os quais se relaciona
constituem as unidades epidermomelânicas da pele, numa proporção de 1 para 36,
respectivamente.
Prevenção
Prevenir a
exposição á radiação UV em excesso, sob forma de sol e bronzeamento de cama.
Uso de roupas de proteção e uso de filtros solares. Embora a maioria dos
especialistas acreditam que o uso de protetores solares vai reduzir o risco de
melanoma, este tema pé controverso, porque alguns tem sugerido que os
protetores solares podem fornecer uma falsa sensação de segurança e permitir
que as pessoas tenham exposição ao sol mais prolongada.
No entanto,
uma meta-analise de 18 estudos não encontrou nenhuma evidencia que o uso de
protetores solares aumentou a incidência de melanoma. A avaliação regular
dermatológica de paciente com suspeita de lesões pigmentadas da pele é prudente
e constitui uma medida de prevenção.
Diagnostico:
O diagnóstico de MM assenta essencialmente
na correlação entre a clínica e a observação microscópica de cortes
histológicos representativos de todo o tumor, corados por hematoxilina e eosina
(H&E), pois ainda não existe nenhum marcador imuno-histoquímico, 100%
específico e sensível, para o diagnóstico de MM, que nos permita substituir o
exame histológico de rotina. Assim para
o diagnostico são utilizados a biopsia excisional (retira toda a
lesão), incisional e raspagem.
A forma correta de realizar a biópsia é através da
excisão completa da lesão, com margens de 1- 2 mm. A espessura da biópsia deve
incluir toda a espessura da derme com tecido subcutâneo, mas não deve incluir
todo o tecido subcutâneo, exceto nos pacientes muito magros ou nos com lesão
polipóide que invade até a gordura. Isso permite o acesso à arquitetura da
lesão, que é fundamental para a diferenciação do melanoma com o nevo de Spitz,
permite uma medida acurada da espessura, que é crucial para o prognóstico e o
planejamento cirúrgico.
Patologia
O melanoma cutâneo invasivo é dividido em 4 tipos principais com base
no modelo de crescimento e de localização. Estas formas são lentigo melanoma
maligno, melanoma expansivo superficial, melanoma acrolentiginosos e melonoma
medular.
Melanoma surgem como proliferação de melanócitos na camada basal da
pele. A medida que se multiplicam, estas
células expandem-se radialmente na epiderme e camada dérmica superficial,
denominando a fase de crescimento radial. Com o tempo, o crescimento começa
numa direção vertical. Melanomas nodulares são uma exceção desse padrão, pois a
fase de crescimento vertical nesse esta presente no inicio do desenvolvimento
do tumor. A fase de crescimento vertical permite invasão nas camadas mais
profundas da pele, em que o tumor pode alcançar o potencial metastático pela
invasão de vasos sanguíneos e linfáticos.
O subtipo histológicos de melanoma não é, em geral, um fator importante
no prognostico. A espessura do tumor, ulcerações e outros fatores determinam o
prognostico. No entanto, alguns subtipos histológicos são mais susceptíveis de
serem detectados numa fase mais avançada. Tipos histológicos:
1. Lentigo maligno melanoma: ocorre mais
comumente na face de indivíduos mais velhos com pele danificada pelo sol e se
apresenta com uma lesão, variavelmente escura pigmentada (sombra marrom ou
preta), com bordas irregulares e uma historia de desenvolvimento lento. São amplas lesões, que para excisão, as vezes,
é necessário rodar retalhos. Representam 10 –
20% dos melanomas cutâneo, 47% dos melanomas da cabeça e pescoço e 2% dos
melanomas de outras localizações.
2. Melanoma expansivo superficial: tem bom
prognostico e é o tipo histológico mais comum. Não é necessariamente associado
a pele exposta ao sol. Aparece inicialmente como lesão plana e pigmentada,
crescendo na dimensão radial. Se permitida a progressão, estes melanomas
desenvolvem uma fase de crescimento vertical e invadem mais profundamente a
pele.
3. Melanoma acra lentigionoso: tem alta
malignidade. Eles são tipicamente encontrados
nas localizações acrais (subungueal, plantar e palmar) e nas superfícies
mucosas (anorretal, nasofaríngea, trato genital feminino). Tipicamente
apresentam uma fase de crescimento radial longa anterior ao crescimento
vertical, embora estas localizações torna o diagnóstico mais difícil que nas
outras localizações.
4. Melanoma nodular: não possui crescimento radial, podem ser amelanóticos
e comumente são diagnosticados com espessura elevada.
Prognostico
A maioria dos pacientes com melanoma recém-diagnosticados estão
ansiosos e preocupados que podem morres da doença. No entanto, deve
reconhecer-se que aproximadamente 87% dos pacientes com melanoma são curados de
seu cancro, em grande parte devido à detecção precoce. É portanto, de
importância substancial o diagnostico precoce para a estratificação de risco e
prever o prognostico de forma a orientar as decisões de gestão adequadas.
Classificação
Classificação
de Clark de acordo com o nível de invasão em camadas anatômicas da pele. Esta
classificação se relaciona com a sobrevivência:
Clark I: tumores
de melanoma in situ e são limitadas a epiderme. Portanto, não tem potencial
metastático;
Clark II: se
estende ate a derme papilar;
Clark III:
preenche a derme papilar;
Clark IV:
atinge a derme reticular;
Clark V:
estende-se até a gordura subcutânea.
Quanto maior o numero na
classificação pior será o prognostico. Em 1970, o Dr Alexandre Breslow descreveu um sistema mais simples com base na
medição da espessura vertical do melanoma, em milímetros, agora conhecida como
espessura de Breslow. Com o aumento da espessura do melanoma o prognostico
piora.
Classificação TNM
Infere prognostico, sendo mais
importante o índice T.
Tratamento
Excisão local
ampla: margens adequadas para a excisão tem sido controversa. Em 1857, Noris
sugeriu a excisão local ampla para um melanoma primário para evitar a
recorrência local e defendeu uma margem de 5 cm, uma recomendação que seria
seguido por mais de um século.
Até 1960,
todos os melonomas foram considerados tumores agressivos e foram frequentemente
tratados com excisão margem mais ampla. As orientações atuais para excisão
local ampla são apresentados na tabela:
Espessura (mm)
|
Margem (cm)
|
In situ
|
0,5
|
<1
|
1
|
1-2
|
1-2
|
>2-4
|
2
|
>4
|
2
|
Eu só queria ter achado este post antes... depois do diagnóstico do meu marido, li muitos textos na internet que não eram claros e não explicava antes de explicitarem os piores prognósticos. O que simplesmente acabou com meu emocional. Sei que fiz errado desde o início ao procurar pelo assunto na internet. mas gostaria muito que todos os textos relacionados a uma doença tão grave e que pode ter um prognóstico tão sério fossem como o seu: simples, leitura fácil e principalmente não fala de prognósticos sem antes explicar sobre o está se falando
ResponderExcluirparabéns!