domingo, 1 de junho de 2014

Doenças exantemática


O acometimento de crianças por doença exantemática é um dos quadros mais comuns da prática médica, impondo dificuldade diagnóstica frequentemente. Diversas condições podem cursar com exantema, sendo que as causas infecciosas são responsáveis por mais de 70 % dos episódios. A maior parte dos exantemas são autolimitados, todavia a correta identificação da etiologia tem importância clínica pela gravidade e piora do prognóstico em caso de atraso no diagnóstico em alguns casos, e para a saúde pública, tendo em vista o potencial de contágio das causas infecciosas. A inespecificidade clínica das doenças exantemáticas exige uma abordagem sistemática para o seu diagnóstico que inclui a coleta de anamnese completa e exame físico amplo e cuidadoso. Esses são os principais instrumentos para a elucidação diagnóstica, permitindo igualmente a orientação para a conduta diagnóstica laboratorial.

Sarampo:

Etiologia: Vírus do sarampo. Família paramyxoviridae.
Transmissão: Aerossol. Periodo de infectividade 3 dias antes do rash e 4-6 dias após seu inicio. Porta de entrada: mucosa respiratória e conjuntiva.
Clinica: Periodo de incubação (8-12 dias): assintomático.
Fase prodromica (2-4 dias): febre, tosse, coriza, conjuntivite e enantema (Koplic).
Fase exantematica: exantema maculopapular eritematoso que se inicia na cabeça e pescoço, disseminando- se para troncos e membros.
Fase de recuperação: o rash desaparece ao longo de 7 dias, e deixa uma fina descamação. A tosse é a ultima a desaparecer
Tratamento: Suporte apenas. Antivirais não estão indicados . Vitamina A deve ser indicada para  > 6 meses com desnutrição, carência clinica de vitamina A, prejuízo de absorção intestinal e imunodeprimidos.
        
Rubéola:
Etiologia: Vírus da rubéola. Família Togaviridae.
Transmissão: Goticulas de saliva ou secreção nasofaringea. Período de infectividade 5 dias antes do rash e 6 dias após seu inicio. Porta de entrada: Mucosa respiratória.
Clinica: O período de incubação dura 14 a 21 dias.  A infecção subclinica ocorre em 25 a 40% dos casos.
Fase prodromica: febre baixa, dor de garganta, conjuntivite, cefaleia, mal estar, anorexia e linfadenomegalia.
Fase exantematica: rash maculopapular róseo, que se inicia na face e pescoço e dissemina- se para tronco e extremidades. No inicio do rash podemos notar lesões puntiformes rosadas (Manchas de forcheimer) nas amídalas e pilares.
Tratamento: Suporte com analgésico e antipiréticos.
Imunoglobulina e corticoides: Indicados na trombocitopenia grave.

Eritema infeccioso:

Etiologia: Parvovirus B19
Transmissão: Goticulas de saliva ou secreção nasofaringea. Periodo de infectividade 7 a 11 dias após o contato com vírus.
Clinica: Muitos são assintomáticos.
Fase prodromica: Febre baixa, cefaleia, sintomas de IVAS e linfadenopatia.
Fase exantemática: Possui 3 estagios. Fase 1: exantema em face, mais intenso nas regiões maxilares com aspecto de ‘’face esbofeteada’’. Fase 2: Disseminação do rash eritematoso para tronco e extremidades proximais. Há um clareamento central dando o aspecto rendilhado. Fase 3: Pode haver reicidiva do exantema de 1-3 semanas, principalmente por exposição ao sol, calor, stress e exercício físico.
Tratamento: Suporte com analgésico e antipiréticos. Imunoglobulina intra venosa esta indicada para imunodeprimidos.

Exantema Subito:

Etiologia:  Herpes vírus tipo 6.
Transmissão: Respiratoria: a maior parte da transmissão se da através de partículas virais contidas nas gotículas salivares do hospedeiro saudável, e que vem penetrar na mucosa nasofaringea ou conjuntival do lactente.
Transplacentaria: forma rara de infecção.
Clinica: Periodo de incubação é de 10 dias.
Periodo prodromico: Rinorreia, inflamação faríngea e eritema conjuntival.
Periodo pré eruptivo: Febre muito elevada, irritabilidade e anorexia. Cerca de 5 a 10% das crianças podem fazer crise convulsiva febril neste período.
Periodo eruptivo: Começa 12 a 24hrs após o desaparecimento da febre, as características do rash são: maculas rosadas pequenas que começam no tronco e disseminam-se pelo pescoço, face e extremidades proximais.
Tratamento: Suporte com analgésico e antipirético. Imunodeprimidos devem usar ganciclovir por 2 a 3 semanas.
Varicela:

Etiologia: Vírus varicela-zoster.
Transmissão: Aerossol e contato com a secreção das vesículas.
Clinica:  Período prodrômico curto (24-48hrs) pode ou não ocorrer, marcado por febre baixa e mal estar.  A doença se manifesta por febre de  37,5 a 39,5ºC, adinamia, exantema eritematovesicular pluriginoso. Distribuição centrípeta, ou seja, predominam na face, pescoço e tronco e pode acometer a mucosa oral e genitália. As lesões surgem em grupamento e são encontradas em vários estágios de evolução.
Tratamento: Suporte (antitérmico, analgésico, banhos de permanganato de potássio e anti-histamínicos); o AAS é contra indicado pelo risco da síndrome de reye.

Mononucleose infecciosa:

Etiologia: 90% EBV; 5 a 10% - Toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus, hepatite, HIV e adenovirus.
Transmissão: Contato com gotículas de saliva da pessoa infectada e  intercurso sexual.
Clinica: Amidalas: aumentadas de tamanho, muito hiperemiadas, com petequias em palato e exsudato fibropurulento. Linfadenomegalia (90%), os linfonodos mais aumentados são os cervicais anteriores e posteriores e os submandibulares. Pode haver hepatoesplenomegalia e edema de pálpebras (Sinal de hoagland). Há também um rash associado a ampicilina e amoxicilina
Tratamento: Hidratação, antitérmicos, repouso relativo, evitar esportes de contato corporal e atividades esportivas por 2 a 3 semanas. Pode- se usar também Prednisona em casos de: anemia hemolítica autoimune, trombocitopenia com hemorragia, convulsões e meningite.

Escarlatina:

Etiologia: Streptococcus pyogenes ou estreptococos beta-hemolitico do grupo A.
Transmissão: Contato com gotículas de saliva da pessoa infectada.
Clinica: O período de incubação da escarlatina é de 2 – 5 dias. Febre alta, cala frios, cefaleia, adinamia e dor de garganta. Ao exame: hiperemia faríngea e tonsilar com exsudatos esbranquiçados na faringe posterior e ou nos pilares amigdalianos e petéquias no palato. Adenopatia cervical e rash. Aparece inicialmente no tórax e depois se estende para o restante do tronco, pescoço e membros poupando a região palmoplantar. O exantema é formado por papulas eritematosas, puntiformes, bem próximas uma das outras, um discreto rubor facial é marcado por uma nítida palidez peribucal (sinal de filatov), nas pregas flexora cutânea o exantema se intensifica (Sinal de Pastia).

Tratamento: Penicilina G benzatina ou Penicilina V oral. Os alérgicos a penicilina devem receber eritromicina.

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