O acometimento de crianças por doença
exantemática é um dos quadros mais comuns da prática médica, impondo
dificuldade diagnóstica frequentemente. Diversas condições podem cursar com
exantema, sendo que as causas infecciosas são responsáveis por mais de 70 % dos
episódios. A maior parte dos exantemas são autolimitados, todavia a correta
identificação da etiologia tem importância clínica pela gravidade e piora do
prognóstico em caso de atraso no diagnóstico em alguns casos, e para a saúde
pública, tendo em vista o potencial de contágio das causas infecciosas. A
inespecificidade clínica das doenças exantemáticas exige uma abordagem
sistemática para o seu diagnóstico que inclui a coleta de anamnese completa e
exame físico amplo e cuidadoso. Esses são os principais instrumentos para a
elucidação diagnóstica, permitindo igualmente a orientação para a conduta
diagnóstica laboratorial.
Sarampo:
Etiologia:
Vírus do sarampo. Família paramyxoviridae.
Transmissão:
Aerossol. Periodo de infectividade 3 dias antes do rash e 4-6 dias após seu
inicio. Porta de entrada: mucosa respiratória e conjuntiva.
Clinica:
Periodo de incubação (8-12 dias): assintomático.
Fase
prodromica (2-4 dias): febre, tosse, coriza, conjuntivite e enantema (Koplic).
Fase
exantematica: exantema maculopapular eritematoso que se inicia na cabeça e
pescoço, disseminando- se para troncos e membros.
Fase
de recuperação: o rash desaparece ao longo de 7 dias, e deixa uma fina
descamação. A tosse é a ultima a desaparecer
Tratamento:
Suporte apenas. Antivirais não estão indicados . Vitamina A deve ser indicada
para > 6 meses com desnutrição,
carência clinica de vitamina A, prejuízo de absorção intestinal e
imunodeprimidos.
Rubéola:
Etiologia:
Vírus
da rubéola. Família Togaviridae.
Transmissão:
Goticulas de saliva ou secreção nasofaringea. Período de infectividade 5 dias
antes do rash e 6 dias após seu inicio. Porta de entrada: Mucosa respiratória.
Clinica:
O período de incubação dura 14 a 21 dias.
A infecção subclinica ocorre em 25 a 40% dos casos.
Fase
prodromica: febre baixa, dor de garganta, conjuntivite, cefaleia, mal estar,
anorexia e linfadenomegalia.
Fase
exantematica: rash maculopapular róseo, que se inicia na face e pescoço e
dissemina- se para tronco e extremidades. No inicio do rash podemos notar
lesões puntiformes rosadas (Manchas de forcheimer) nas amídalas e pilares.
Tratamento:
Suporte com analgésico e antipiréticos.
Imunoglobulina
e corticoides: Indicados na trombocitopenia grave.
Eritema infeccioso:
Etiologia:
Parvovirus B19
Transmissão:
Goticulas de saliva ou secreção nasofaringea. Periodo de infectividade 7 a 11
dias após o contato com vírus.
Clinica:
Muitos são assintomáticos.
Fase
prodromica: Febre baixa, cefaleia, sintomas de IVAS e linfadenopatia.
Fase
exantemática: Possui 3 estagios. Fase 1: exantema em face, mais intenso nas
regiões maxilares com aspecto de ‘’face esbofeteada’’. Fase 2: Disseminação do
rash eritematoso para tronco e extremidades proximais. Há um clareamento
central dando o aspecto rendilhado. Fase 3: Pode haver reicidiva do exantema de
1-3 semanas, principalmente por exposição ao sol, calor, stress e exercício
físico.
Tratamento:
Suporte com analgésico e antipiréticos. Imunoglobulina intra venosa esta
indicada para imunodeprimidos.
Exantema Subito:
Etiologia:
Herpes vírus tipo 6.
Transmissão:
Respiratoria:
a maior parte da transmissão se da através de partículas virais contidas nas
gotículas salivares do hospedeiro saudável, e que vem penetrar na mucosa
nasofaringea ou conjuntival do lactente.
Transplacentaria:
forma rara de infecção.
Clinica:
Periodo de incubação é de 10 dias.
Periodo
prodromico: Rinorreia, inflamação faríngea e eritema conjuntival.
Periodo
pré eruptivo: Febre muito elevada, irritabilidade e anorexia. Cerca de 5 a 10%
das crianças podem fazer crise convulsiva febril neste período.
Periodo
eruptivo: Começa 12 a 24hrs após o desaparecimento da febre, as características
do rash são: maculas rosadas pequenas que começam no tronco e disseminam-se
pelo pescoço, face e extremidades proximais.
Tratamento:
Suporte com analgésico e antipirético. Imunodeprimidos devem usar ganciclovir
por 2 a 3 semanas.
Varicela:
Etiologia:
Vírus varicela-zoster.
Transmissão:
Aerossol e contato com a secreção das vesículas.
Clinica:
Período prodrômico curto (24-48hrs) pode ou
não ocorrer, marcado por febre baixa e mal estar. A doença se manifesta por febre de 37,5 a 39,5ºC, adinamia, exantema
eritematovesicular pluriginoso. Distribuição centrípeta, ou seja, predominam na
face, pescoço e tronco e pode acometer a mucosa oral e genitália. As lesões
surgem em grupamento e são encontradas em vários estágios de evolução.
Tratamento:
Suporte
(antitérmico, analgésico, banhos de permanganato de potássio e
anti-histamínicos); o AAS é contra indicado pelo risco da síndrome de reye.
Mononucleose
infecciosa:
Etiologia:
90%
EBV; 5 a 10% - Toxoplasmose, rubéola, citomegalovirus, hepatite, HIV e
adenovirus.
Transmissão:
Contato com gotículas de saliva da pessoa infectada e intercurso sexual.
Clinica:
Amidalas: aumentadas de tamanho, muito hiperemiadas, com petequias em palato e
exsudato fibropurulento. Linfadenomegalia (90%), os linfonodos mais aumentados
são os cervicais anteriores e posteriores e os submandibulares. Pode haver
hepatoesplenomegalia e edema de pálpebras (Sinal de hoagland). Há também um
rash associado a ampicilina e amoxicilina
Tratamento:
Hidratação, antitérmicos, repouso relativo, evitar esportes de contato corporal
e atividades esportivas por 2 a 3 semanas. Pode- se usar também Prednisona em
casos de: anemia hemolítica autoimune, trombocitopenia com hemorragia,
convulsões e meningite.
Escarlatina:
Etiologia:
Streptococcus
pyogenes ou estreptococos beta-hemolitico do grupo A.
Transmissão:
Contato com gotículas de saliva da pessoa infectada.
Clinica:
O período de incubação da escarlatina é de 2 – 5 dias. Febre alta, cala frios,
cefaleia, adinamia e dor de garganta. Ao exame: hiperemia faríngea e tonsilar
com exsudatos esbranquiçados na faringe posterior e ou nos pilares amigdalianos
e petéquias no palato. Adenopatia cervical e rash. Aparece inicialmente no
tórax e depois se estende para o restante do tronco, pescoço e membros poupando
a região palmoplantar. O exantema é formado por papulas eritematosas,
puntiformes, bem próximas uma das outras, um discreto rubor facial é marcado
por uma nítida palidez peribucal (sinal de filatov), nas pregas flexora cutânea
o exantema se intensifica (Sinal de Pastia).
Tratamento:
Penicilina G benzatina ou Penicilina V oral. Os alérgicos a penicilina devem
receber eritromicina.
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