A aorta é a maior artéria do
corpo. É uma artéria elástica composta por 3 camadas: íntima, média e
adventícia. As metaloprottínases fazem
parte de sua estrutura abdominal, estando localizadas na camada media dessa. Ela
se inicia no ventrículo esquerdo, sendo as artérias coronárias seus primeiros
ramos. Divide-se e, aorta ascendente,
arco aórtico e aorta descendente. Em seu trajeto apresenta orientação oblíqua,
em direção cranial e para a esquerda da linha mediana em uma extensão de 5 cm
aproximadamente (ascendente). Em seguida apresenta flexão em forma de cajado
(arco aórtico), mudando a posição posteriormente e para a esquerda, assumindo
então trajeto vertical (aorta descendente). É dividida em 2 porçoes:
·
AORTA TORÁCICA: composto pela raiz da aorta,
parte ascendente, arco e parte descendente
·
AORTA ABDOMINAL
Classificação da doenças da aorta
As doenças da
aorta são classificadas em:
·
Aneurismas verdadeiros (todas as 3 camadas
dilatadas) : que pode ser abdominais e torácicos;
·
Dissecções aórticas;
·
Aortoarterites;
·
Trauma
OBS: artéria
de adamkewicz : ramo da aorta torácica que irriga toda medula e que se for
lesado pode levar o a paciente a paraplegia.
Exames para aorta
Os exames
utilizados para a avaliação da aorta são:
·
Raio X: permite visualizar calcificações,
acompanhar stents, e relações ósseas;
·
US: método de scream mas não de diagnóstico
final;
·
Ecocardiograma – transtorácica e transesofágica
: permite avalição da aorta torácica;
·
Tomografia computadorizada : permite avaliar a
parede da aorta e patologias da aorta (é o exame de eleição para avaliação
aórtica);
·
Aortografia: é um exame invasivo que permite
avaliar o lúmen da aorta. É utilizado quando há duvida na angio TC ou para
planejar a cirurgia;
·
Ressonância nuclear magnética: permite avaliar a
anatomia da aorta.
Aneurismas de aorta
Define-se
aneurisma como sendo uma dilatação localizada ou difusa que aumenta 1,5 vezes o
diâmetro esperado para aquele segmento. Pode ser classificado de acordo com sua
a etiologia (degenerativo, inflamatório, mecânico, congênito, dissecante);
forma (sacular –tem maior chance de romper- e fusiforme –acompanha o eixo da
artéria); localização (central, periférico); ou estrutura (verdadeiro ou
falso).
Um
pseudoaneurismo não contem as 3 camadas da artéria, geralmente corresponde a
coleção de sangue coagulado e tecido conectivo. É um hematoma pulsátil, de colo
curto, não contido por todas as camadas da parede arterial, que se encontra
confinado por uma capsula fibrosa. São lesões graves devido a maior chance de
sofrerem ruptura.
A
dilatação tem inicio a partir de uma fraqueza ou defeito da parede da artéria,
que tende a se dilatar progressivamente. Entre os fatores associados então a
idade avançada, hipertensão arterial, aterosclerose, tabagismo, dissecção
aórtica, síndrome de Marfan e síndrome de Ehlers-Danlos.
A lesão que determina a formação do aneurismo
se inicia na média, que é a responsável pela resistência da parede arterial.
Encontra-se
uma concomitância na localização abdominal e torácica de 28%.
OBS: as principais causas de
ruptura de aneurismas é aumento da força cinsonal causada por hipertensão
crônica, hipertensão de vaso-vasorium e doença de parede.
OBS: o aneurismo influencia tanto
a formação quanto a rotura do aneurisma. Doente renal tem maior chance de
rotura de aneurisma.
Condições que aumentam o stress
da parede podem levar a rotura do aneurisma como: hipertensão, feocromocitoma,
uso de cocaína, etc.
Outras síndromes associadas a
formação de aneurismo: síndrome de Loeys Dietz, de Turner, válvula aórtica
bicúspide, etc.
O tratamento dos aneurismas é:
retirado de stress, controle da dor e da pressão na aorta que pode ser feito
com β-bloqueadores ou nitrofurantoato.
Calssificação da aorta
Aneurismo da aorta abdominal (AAA)
São os
aneurismas mais frequentemente encontrados na pratica clinica. Afetam mais
homens que mulheres e são mais frequentes que os torácicos. Se iniciam
geralmente a partir de 50 anos. Acredita-se que as metaloproteases são partes
integrantes da formação dos AAAs, pois favorecem a degradação de fibras
elásticas e colágenos o que gera dilatação da parede do vaso.
Sua
principal etiologia é a doença aterosclerótica e predisposição genética (síndrome
de Marfan, síndrome de Ehlers-Danlos). Portanto, é comum a concomitância com
doença arterial coronariana nesses pacientes (cerca de 30%).
Os
aneurismas da aorta abdominal apresentam uma reação inflamatória a custa de
macrófagos teciduais, o que acaba levando a ativação de poteinases (colagenase
e elastase).
Exame físico:
É
inexpressivo, pois a maioria dos AAA quando diagnosticados são assintomáticos.
Mas é possível reconhecer nesses pacientes estigmas da aterosclerose como os
xantomas, DAP, DM e tabagismo.
Deve
ser feita a palpação cuidadosa do abdome. Normalmente a aorta abdominal não é
palpável, por isso a presença de uma massa pulsátil no abdome sugere
aneurisma.a palpação deve ser feita com o paciente deitado, bem relaxado e com
os joelhos fletidos. Na palpação quando o limete superior do AAA é bem
definido, isso aponta para o não envolvimento dos ramos viscerais. Quando esse
não é palpável é provável que os ramos viscerais estejam envolvidos, isso é
chamado de sinal de DEBAKEY.
Alguns
sintomas podem estar presentes pela compressão de órgãos pelo aneurismo, mas
dor não é comum de ser encontrada. Embolização para membros inferiores podem
ocorrer mas são raras (mas comum em aneurismas pequenos).
Diagnóstico por imagem
Os
exames utilizados são:
·
Ultrassonografia: deve ser o primeiro exame a
ser realizado. É um exame barato facilmente acessível que tem alta
sensibilidade, porém baixa especificidade. É prejudicado pela presença de gás.
·
TC/angiorressônancia: são exame s de melhor
qualidade, sendo a angiotomagrafia padrão ouro na avaliação dos aneurismos, o
inconveniente dessa técnica é o grande volume de contraste que dever ser
injetado.
·
Aortografia: é um método invasivo que necessita
da introdução de um cateter e introdução de contraste. Não permite julgar o
tamanho do AAA, pois os coágulos intrasaculares restringem a imagem á parte
onde o sangue circula, dessa forma subestimando o tamanho desse. É muito
utilizada para avaliação pré-operatória quando outros métodos não foram
suficientes.
Historia natural dos Aneurismas de aorta abdominal
Os aneurismas possuem uma tendência a
rotura apresentando alta mortalidade. Outras complicações menos frequentes são
a trombose aguda do aneurisma, embolização periférica, corrosão vertebral e
comprometimento dos ureteres.
Vários fatores podem facilitar a ruptura
de um AAA, porém o mais comum é o diâmetro máximo do aneurisma. O objetivo
então do tratamento dos aneurismas é prevenir a sua rotura. O tratamento deve
ser feito antes que ele atinja um diâmetro critico. Dessa forma, tem-se que:
·
AAA<4cm tem de 0-2% de chance de rotura em 2
anos;
·
AAA>5cm tem 22% de chance de rotura em 2
anos;
Então tem-se
que esse valor critico seja de 5,5cm. Sendo que abaixo de 5 cm há baixo risco
de rotura e acima de 6 risco considerável.
O ritmo de
expansão como indicativo de ruptura ainda é duvidoso. Outro parâmetro utilizado
é a historia familiar de AAA e a presença de trombo intrasacular (torna a
parede do aneurisma mais fina).
Em relação aos
fatores de riscos não modificáveis tem-se:
FATORES QUE LEVAM AO
DESENVOLVIMENTO DE AAA: tabagismo, hipercolesterolemia, hipertensão, sexo
masculino.
FATORES QUE LEVAM A EXPANSÃO DO ANEURISMO: idade
avançada, doença cardíaca, AVC prévio, tabagismo, transplante cardíaco e renal.
FATORES QUE LEVAM A RUPTURA DE
ANEURISMA: sexo feminino, redução do FEV1, grandes aneurismas, PA média
sistêmica elevada, tabagismo, transplante cardíaco e renal e estresse da parede
(hipertensão).
Tratamento cirúrgico
Tem baixa
mortalidade quando eletiva, sendo de 2% para pacientes com risco habitual, 19%
na urgência e 50% no caso de aneurisma roto (deve ser tratado rapidamente).
Fica ssim evidente que a mortalidade esta relacionada com as condições gerais
que a cirurgia é realizada.
A expectativa
de vida pode ser reduzida por patologia associada e pela idade avançada. A
sobrevida também é maior a longo prazo nos pacientes operados eletivamente.
INDICAÇÕES:
·
Paciente com aneurisma maior que 5 cm,
complicado (ou seja com rotura ou dissecção) e crescimento rápido (cresce mais
que 0,5 cm em 6 meses ou cresce mais que 1cm ao ano) é preferido a realização
do tratamento endovascular;
·
Segundo o guidline, cirurgia aberta ou
endovascular para reparação de AAAs infrarenal e/ou aneurisma ilíaco
concomitante é indicada em pacientes com boas qualidade cirúrgica. Recomendação
IA.
·
Vigilância periódica por imagem devem ser
realizadas para monitorar o vazamento, confirmando a posição do enxerto,
documentando redução ou estabilidade do saco do aneurisma, e determinando a
necessidade de futuras intervenções em pacientes submetidos a cirurgia
endovascular. Indicação IA
·
Cirurgia aberta para aneurisma pode ser
realizada em pacientes com bom risco cirúrgico, mas que não podem ter
acompanhamento por imagem periódicos após cirurgia endovascular. Recomendação
II C.
·
Cirurgia endovascular infrarenal para pacientes
com alto risco cirúrgico ou anestésico, determinado pela coexistência de
acometimento cardíaco severo, pulmonar e/ou renal é de eficácia incerta.
Recomendação IIB
·
Em caso de aneurismas sintomáticos menores que
5,5 cm, o tratamento deve ser realizado.
·
Em aneurismas assintomáticos o tratamento deve
ser feito a partir de 5,5 cm.
OBS: mulheres
tem maior tendência a rotura de aneurismas que os homens
PRÉ/TRANS/PÓS-OPERATÓRIO:
·
Parar anticoagulantes orais 7 dias antes da
cirurgia;
·
Para tienoperidinicas 5 á 7 dias antes da
cirurgia;
·
Antibióticos devem ser administrado 1h antes da
cirurgia;
·
Hidratação com soro fisiológico e oxigenação
adequada;
·
Heparina 1000 unidades;
CIRURGIA ABERTA
Pode ser feita
pelo acesso transperitoneal e extraperitoneal. Aberta a cavidade, coloca-se um
afastador autostático e faz-se um inventário da cavidade. Isola-se então o colo
do aneurisma, faz-se o clampeamento supracelíaco e das ilíacas. O aneurisma é
então incisado longitudinalmente, seu conteúdo esvaziado e ligamento das
possíveis arteiras lombares sangrantes. É então colocado uma prótese de dacron
na luz do aneurisma e é feito sutura da anastomose.
TRATAMENTO ENDOVASCULAR
A cirurgia
endovascular é realizada através da colocação de um stent recoberto justa
renal. O enxerto endovascular é
introduzido no aneurismo através das artérias femorais e fixado ao colo não
aneurismático da aorta e das artérias ilíacas com stents autoexpansíveis. O stent pode ser apenas aórtico, aórtico
monoíliaco (colocado na aorta e em uma artéria ilíaca) ou aórtico biíliaco
(stent nas duas ilíacas).
O objetivo do
stent é desviar o fluxo para ele, diminuindo a pressão intravascular no aneurisma,
o que provoca sua regressão.
.
Contra
indicações para o tratamento endovascular: vaso visceral acometido, muita
calcificação, colo proximal <15 mm e artéria angulada.
Acompanhamento pós-tratamento:
-AAA entre 3-3,5 cm : realizar
angio TC em até 5 anos;
-AAA de 3,5-4 cm: repetir angio
TC a cada 3 anos;
-AAA de 4,0-4,5: repetir angio TC
anualmente;
- AAA > 4,5 : repetir angio TC
em 6 meses;
-AAA < 3cm: não precisa
repetir angioTC.
Aneurisma de aorta torácica
Os aneurismas
torácicos tem sua gênese na aterosclerose. São menos frequentes que o
abdominal. São classificados conforme a
porção da aorta acometida em: ascendente, descendente e do arco aórtico.
Os aneurismas
da aorta descendente derivam de degeneração médio-cística (necrose cística da
média), que predispõe a dissecção. Já os aneurismas do arco e da artéria
descendente são causados por aterosclerose, degeneração médio-cistica e mais
raramente por sífilis.
Os aneurismas
do arco aórtico são importantes devido a emergência dos vasos tronco braquicefalico,
a.carotida e subclávia) de grande calibre e a dificuldade de correção cirúrgica.
A maior parte
dos casos o aneurisma é assintomático e descoberto ao acaso (cerca de 40%).
Quando presentes os sintomas incluem dor torácica mal definida (em casos de expansão
aguda), dispneia (por compressão da arvore traqueobrônquica), tosse, rouquidão
(por compressão do nervo laríngeo recorrente) e disfagia por compressão
esofágica. Os sintomas podem ser causados por rotura do aneurisma ou dissecção.
Em caso de rotura o que se observa é dor violenta, hipotensão, derrame pleural
associado (geralmente para o espaço pleural esquerdo) ou derrame pericárdico
associado.
classificação de aneurisma de aorta torácica
Classificação dos aneurismas de aorta torácica-abdominais
Um
sistema especifico para classificar os aneurismas torocoabdominias é de
fundamental importância para o planejamento operatório e morbimortlidade
cirúrgica. O sistema mais utilizado é o ATA, baseado em critérios
anatocirurgicos (segmento aórtico acometido):
·
ATA 1: doença envolve maior parte da aorta
descendente e a parte superior da aorta abdominal, até as artérias renais;
·
ATA 2: acomete a maior parte da aorta
descendente e a abdominal em toda a sua extensão;
·
ATA 3: compromete aorta descendente distal (nível
da 6ª vertebra torácica) e a maior parte da aorta abdominal.
Tratamento
As indicações
para tratamento em pacientes assintomáticos são as seguintes:
·
Aneurismo ascendente= 5,5 cm;
·
Aneurisma descendente= 6,5 com
No caso de
pacientes assintomáticos ou sintomáticos portadores da Síndrome de Marfan é
indicado cirurgia quando o aneurisma atingir diâmetro 1 cm abaixo do
estabelecido para pacientes sem a síndrome. O tratamento pode ser feito por
técnica aberta ou endovascular.
CIRURGIA ABERTA:
Consiste na
substituição do segmento acometido por uma prótese. Pode ser realizado em
qualquer segmento aórtico com a reposição do segmento por um tubo de Dacron em
cirurgia com circulação extracorpórea. Pode envolver troca valvar (BENTALL), na
qual se coloca um tubo valvado e reinplanta posteriormente as coronárias.
As principais
complicações são: isquemia miocárdica, colite isquêmica, hemorragia, isquemia
medular e dos membros inferiores (lesão da artéria de adamkewicz) e fistulas
aorto-entericas.
TRATAMENTO ENDOVASCULAR:
Possibilita o
tratamento da aorta descendente nos segmentos entre a emergência da artéria
subclávia esquerda e tronco celíaco e infra-renal. As indicações são as mesmas
da abdominal. Seus principais problemas são migração do enxerto para outra
parte da aorta e vedação incompleta das bordas do enxerto. O que limita o
tratamento endovascular é o comprometimento do tronco supraortico.
É
potencialmente menos agressivo, tem menor morbimortalidade e menor incidência
de paraplesia do que o cirúrgico. Diz-se que potencialmente de menor custo
apesar do procedimento ser mais caro que o cirúrgico porque reduz o tempo de
internação na UTI, reduz o tempo de internação e reduz as transfusões.
CLASSIFICAÇÃO DE ENDOLEAK
- tipo 1:
presença de fluxo de sangue no saco do aneurisma devido a vedação incompleta ou
selo ineficaz no final do enxerto. Este tipo de endoleak (vasamento) geralmente
ocorre na fase inicial do tratamento, mas pode ocorrer também
posteriormente. O tratamento é inserção
de nova prótese.
-tipo II: presença
de fluxo de sangue para o saco do aneurisma, devido á oposição do fluxo de
sangue a partir de vasos colaterais (vasos colaterais alimentando o saco). Em
algumas circunstancias, quando existem dois ou mais vasos de patente de uma
situação de entrada e saída, desenvolve a criação de um fluxo de sangue dento
do canal ativamente criado dentro do saco do aneurisma. O tratamento é a
embolização dos vasos colaterais.
-tipo III:
presença de fluxo de sangue para o saco do aneurisma devido a vedação
inadequada ou ineficiente de sobreposição de juntas do enxerto ou ruptura do
tecido do enxerto. Mais uma vez, esse endoleak geralmente ocorre logo após o
tratamento, devido a problemas técnicos, ou posteriores, devido a queda do
dispositivo. O tratamento seria a colocação de nova portese.
- tipo IV:
presença de fluxo de sangue do saco do aneurisma devido a porosidade do tecido
do enxerto, causando a passagem de sangue através do enxerto e para dento do
saco do aneurisma. É mais benigno pois é autolimitado. O tratamento é o
observacional.
Dissecção aórtica
Consiste na
rotura intimal abrupta, permitindo a entrada de sangue dento da camada media,
separando a parede em duas lâminas, por extensão variável. A solução de
continuidade da intima permite que o sangue escape da luz verdadeira,
rapidamente se interpondo entre a camada mais interna e mais externa da media,
expandindo a aorta para um tamanho acima do normal. Pode ser aguda, quando tem
até 14 dias de evolução ou crônica, quando é acima de 6 semanas.
Os dois pontos
mais comuns de acometimento são o ligamento arterioso, no istmo da aorta, e na
junção sinobulbar (na entrada da aorta no ventrículo esquerdo). Na maioria dos
pacientes a dissecção se inicia a partir de um ponto de ruptura da camada
intima, que é o orifício de entrada, porém pode haver mais de um orifício. No
trajeto da dissecção ramos arteriais importantes podem ser comprimidos ou
ocluídos. As comissuras da válvula aórtica podem perder a sustentação levando a
insuficiência aórtica grave, a parede externa da aorta pode romper gerando
derrame pleural ou pericárdico e hemotórax e pode haver formação de aneurisma
por dilatação da aorta.
Classificação
As dissecções
podem ser classificadas quanto ao local envolvido pela dissecção. Duas são as
classificações existentes:
·
DEBAKEY: define de acordo com localização e extensão em
-tipo I: origem na aorta ascendente se estendendo por
toda a aorta,
-tipo II: a dissecção é limitada a aorta ascendente
-tipo III: dissecção tem origem distal á artéria
subclávia esquerda (aorta descendente
-subtipo IIIa :limitada a aorta torácica descendente
-subtipo IIIb: estendendo-se desde a aorta torácica
até a abdominal
·
STANFORD: baseia-se na abordagem terapêutica.
- tipo A: quando aorta ascendente esta envolvida
- tipo B: quando a aorta ascendente não esta envolvida.
Características clínicas
Os
principais relatos das manifestaçoes clínicas são encontradas na analise IRAD,
sendo as seguintes:
ü 85%
apresentam dor de inicio súbito (Pode ter dor torácica que simula infarto, esse
diagnostico sempre deve ser afastado porque seu tratamento pode levar a morte do
paciente com dissecção de aorta);
ü 16%
apresentam dor migratória (geralmente acompanha o trajeto de dissecção);
ü 15%
apresentam déficit de pulso (dissociação de pulso ao exame dos pulsos);
ü 12%
podem apresentar sincope;
ü 5%
pode ter um AVC (pode dissecar para a carótida);
ü 50%
HAS;
ü 16% hipotensão
ou choque;
ü 30%
sopro ou insuficiência aórtica;
ü 61%
alargamento de mediastino ao raio X;
ü 50%
apresentam contorno aórtico anormal;
ü 5%
apresentam paralisia;
ü 3%
podem apresentar novo IAM;
Variantes da dissecção
A dissecção pode ter outras formas de
apresentação que são o hematoma intramural e a úlcera penetrante, que são
clinicamente indistinguíveis e pode ocorrer progressão de uma forma para a
outra.
ULCERA
PENETRANTE DA AORTA:
Consiste de
uma lesão aterosclerótica ulcerada que perfura a lamina elástica interna,
ocorrendo invasão da camada media da aorta. Sua progressão e evolução podem
levar a inúmeras complicações , tais como: embolização, hematoma intramural,
dissecção aórtica, formação de aneurismas e pseudoaneurismas e ruptura da
aorta. Por isso, sempre deve ser tratada. Consiste de um dissecção dita
localizada. Ela pode acometer toda a extensão da aorta mais é mais comum na
aorta torácica descendente proximal. Podem ser únicas ou múltiplas. Sue
diagnóstico é estabelecido através de métodos de imagem.
HEMATOMA
INTRAMURAL:
Consiste de
uma hemorragia contida dentro da camada média, sem orifício comunicante com a
luz. Pode evoluir com diferentes apresentações. Pode causar ruptura da intima e
gerar um dissecção, pode se transformar em pseudoaneurismas ou romper-se. Regressão espontânea com reabsorção do
hematoma ocorre em cerca de 10% dos pacientes. Acredita-se que a ruptura do
vaso vasorum seja o evento inicial. Ele é mais benigno que a ulcera e pode ser
acompanhado clinicamente. O diagnostico também é feito por métodos de imagem.
Dissecção do tipo A
Esse tipo de
dissecção tem alta mortalidade (1-2% de mortes por hora por 24 á 48hs
iniciais). Consiste em uma emergência cirúrgica. A causa mais frequente de
óbito agudo é devido a ruptura para o pericárdio. Um estudo mostrou 90% de
mortalidade em 3 meses e 25% no grupo cirúrgico.
Dissecção tipo B
Correspondem
a 1/3 dos casos de dissecção. E não constitui uma emergência cirúrgica. A
mortalidade cirúrgica é alta (25-65%) quando comparada á clinica e com o risco
de paraplegia (30-35%). Em casos não complicados o tratamento é iminentemente
clínico. Cerca de 30-40% apresentam complicação (dor persistente, dilatação do
aneurisma, rotura, expansão, isquemia de órgão terminal ou membro) o tratamento
deve ser cirúrgico. Isso porque esses casos geram uma falsa luz, que altera o
diâmetro total e é importante ser fechada.
Aortoarterites
São
inflamações autoimunes das paredes dos vasos. A mais importante aortoarterite é
a arterite de Takayasu. Consiste de uma forma rara de panarterite obliterante
progressiva, que acomete a aorta e seus ramos principais (frequentemente o ramo
dos arcos da aorta, mas pode envolver a artéria pulmonar), causando obstrução e
estenose. Embora de etiologia ainda desconhecida, pode resultar de fenômeno
auto-imune. É comum em pessoas com menos de 40 anos.
Em sua fase inicial apresenta arterite
granulomatosa da aorta e de seus ramos. Em sua fase tardia, também chamada de
esclerótica, ocorre hiperplasia intimal, degeneração da média e fibrose da
adventícia, gerando as estenoses.
No início, ainda não há diminuição do fluxo do sangue para as
extremidades e os sinais clínicos mais frequentes desta fase da doença são
fadiga, febre e mal estar e os exames laboratoriais evidenciam apenas
inflamação, que em geral fica sem esclarecimento. Conforme evolui, nos meses ou
anos subsequentes, vai havendo diminuição progressiva do calibre destas
grandes artérias. Como a doença evolui de forma lenta,
vai havendo formação de circulação colateral e a maioria dos pacientes não
apresentam sinais de isquemia aguda como palidez, cianose ou gangrenas, levando
a amputação. Um dos sintomas importantes que sugerem o seu diagnóstico é a dor
muscular aos esforços dos membros (claudicação intermitente). Nesta fase, já
pode ser constatada diminuição dos pulsos e da pressão arterial no membro
irrigado pela artéria estreitada. No caso de envolvimento das artérias renais,
aparece hipertensão arterial grave, de difícil controle com medicamentos, sendo
necessária cirurgia para revascularizar o rim afetado. No caso de diminuição do
fluxo para o cérebro, começam a ocorrer perdas súbitas e transitórias da visão
ou desmaios, que muitas vezes indicam necessidade de cirurgia para restabelecer
a eficiência da circulação de sangue. No caso de estreitamento das artérias
mesentéricas, o paciente apresenta dores abdominais intensas após a alimentação
e emagrecimento progressivo.
Trauma de aorta
Sua principal causa decorre de acidentes
automobilísticos na população de 20 á 30 anos. O local preferencial para rotura
é o istmo (ponto fixo). Clinicamente se apresenta com choque /hipotensão. Em
todo trauma fechado de tórax deve-se investigar se houve trauma da aorta. Essa
investigação inicialmente é feita pelo raio X, onde pode-se ver alargamento do
mediastino. O tratamento é feito com colocação de endoprotese.