CARCINOMA BRONCOPULMONAR
O câncer do pulmão constitui
importante problema de saúde, sendo uma das causas mais comuns de morte por
neoplasias. Sua incidência vem crescendo nos últimos 50 anos, coincidindo com
um aumento paralelo na produção de tabaco e no consumo de cigarros. Em
mulheres, além do aumento notável da sua incidência nos últimos anos, a taxa de
mortalidade por carcinoma de pulmão continua crescendo. Independentemente do
tipo histológico e em ambos os sexos, o carcinoma pulmonar predomina entre 35 e
75 anos, com pico em 55-65 anos de idade. No Brasil, prevalência e mortalidade
são altas.
Existe grande heterogeneidade
citológica e histológica nas neoplasias pulmonares. Assim, o câncer de pulmão
pode ser dividido em quatro tipos histológicos principais.
Etiopatogênese
Assim como ocorre com muitas
outras neoplasias, a gênese do câncer de pulmão resulta da interação de fatores
ambientais com alterações genômicas múltiplas. O fumo em associação com outras
substâncias é responsável por cerca de 80% dos casos de câncer do pulmão no
homem e 75% na mulher. Parece que as mulheres são mais suscetíveis aos efeitos
dos carcinógenos do fumo do que os homens.
Estudos recentes associam o fumo
com a expressão do gene RAS, sendo que outros genes como MYC e HER-2-NEU também
podem estar envolvidos. O gene supressor de tumor mais comum no câncer humano é
o p53, cuja expressão anormal favorece o crescimento descontrolado da célula.
O risco de desenvolver câncer do
pulmão em indivíduos com história familial é 2,5 vezes maior do que na
população geral.
Tipos:
1.
Carcinoma
epidermoide: é o mais frequente, o menos heterogêneo morfologicamente e o mais
associado ao tabagismo. É mais comum em homens. O tumor tende a aparecer nos
grandes brônquios. Seu crescimento é mais lento do que os demais; suas
metástases são para os linfonodos regionais, sendo tardia a disseminação
hematogênica. É o de melhor prognóstico.
Macroscopicamente,
pode se apresentar desde pequena tumoração endobrônquica obstrutiva até as
grandes massas cavitárias. A neoplasia tende a invadir a cartilagem, o
parênquima pulmonar e os linfonodos. É facilmente visível à endoscopia.
Histologicamente,
o tumor é formado por células epiteliais contendo pontes intercelulares e
ceratinização individual ou sob a forma de pérolas córneas. Outro sinal de
diferenciação escamosa é a presença de ninhos sólidos com células de núcleo
hipercromático. A mucosa adjacente apresenta áreas de metaplasia escamosa,
displasia ou carcinoma in situ. A
lesão é usualmente envolvida por estroma. Quanto ao grau de diferenciação, o
tumor pode ser: (1) bem diferenciado, com características de células escamosas;
(2) moderadamente diferenciado, características intermediárias; (3) pouco
diferenciado, com células pouco discerníveis e indiferenciadas.
2. Adenocarcinoma:
mais frequente em mulheres e sua associação com o tabagismo é pouco importante.
Localiza-se na periferia dos pulmões e muitas vezes envolve a pleura visceral e
frequentemente se associa a lesões destrutivas ou cicatrizes no parênquima
pulmonar ou a hiperplasia dos pneumócitos. A maioria se origina nas vias aéreas
periféricas nas células de Clara ou nos pneumócitos do tipo II.
Macroscopicamente,
trata-se de lesão com superfície homogênea, sólida e de coloração marfim, às
vezes com aspecto translúcido.
Microscopicamente,
é neoplasia maligna com diferenciação glandular e produção de mucina, podendo
ser dividido nos padrões acinar, papilífero, carcinoma sólido com formação de
muco e carcinoma bronquíolo-alveolar. Também pode ser dividido em bem,
moderadamente ou pouco diferenciado.
3. Carcinoma
bronquíolo-alveolar: aparece em indivíduos jovens até idosos, afetando
igualmente os dois sexos.
O tumor
apresenta-se sob duas formas: (1) localizada, como nódulo periférico de
crescimento lento e melhor prognóstico; (2) difusa, como pequenos nódulos que
acometem grandes áreas do pulmão, às vezes bilateralmente. O prognóstico é pior
e a morte ocorre por insuficiência respiratória. O tumor é formado por células
cúbicas ou prismática, situadas ao longo de alvéolos e bronquíolos.
4. Carcinoma
de células grandes: tipo menos frequente, mas de comportamento altamente
agressivo com evolução rápida para o óbito.
Lesão
periférica, subpleural, não se associa a segmento brônquico e tende a formar
grandes massas com áreas de necrose e hemorragia. Ao microscópio eletrônico, as
células apresentam diferenciação escamosa ou glandular.
5. Carcinoma
de células pequenas: predomina na sexta ou sétima década de vida, mais comum
entre homens e possui grande associação ao tabagismo. É altamente maligno e o
de pior prognóstico entre os tumores pulmonares. Dá metástases com frequência,
sobretudo para a medula óssea. Pode secretar diversos hormônios, resultando em
diversas síndromes paraneoplásicas.
Possui
localização central, formado por células pequenas e uniformes. As células
tendem a se apresentar separadas ou levemente coesas, com pequena quantidade de
estroma. Pode haver focos de necrose.
6. Tumor
carcinoide: derivado de células neuroendócrinas do pulmão. É mais comum até os
40 anos de idade, igual em ambos os sexos e não se relaciona ao tabagismo.
Tem localização
central ou periférica e se apresenta como lesão submucosa que se projeta na luz
brônquica. É formado por células uniformes e pequenas. Pode ser típico, que
possui o melhor prognóstico, ou atípico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário