terça-feira, 20 de novembro de 2012

Carcinoma Broncopulmonar


CARCINOMA BRONCOPULMONAR
O câncer do pulmão constitui importante problema de saúde, sendo uma das causas mais comuns de morte por neoplasias. Sua incidência vem crescendo nos últimos 50 anos, coincidindo com um aumento paralelo na produção de tabaco e no consumo de cigarros. Em mulheres, além do aumento notável da sua incidência nos últimos anos, a taxa de mortalidade por carcinoma de pulmão continua crescendo. Independentemente do tipo histológico e em ambos os sexos, o carcinoma pulmonar predomina entre 35 e 75 anos, com pico em 55-65 anos de idade. No Brasil, prevalência e mortalidade são altas.
Existe grande heterogeneidade citológica e histológica nas neoplasias pulmonares. Assim, o câncer de pulmão pode ser dividido em quatro tipos histológicos principais.

Etiopatogênese

Assim como ocorre com muitas outras neoplasias, a gênese do câncer de pulmão resulta da interação de fatores ambientais com alterações genômicas múltiplas. O fumo em associação com outras substâncias é responsável por cerca de 80% dos casos de câncer do pulmão no homem e 75% na mulher. Parece que as mulheres são mais suscetíveis aos efeitos dos carcinógenos do fumo do que os homens.
Estudos recentes associam o fumo com a expressão do gene RAS, sendo que outros genes como MYC e HER-2-NEU também podem estar envolvidos. O gene supressor de tumor mais comum no câncer humano é o p53, cuja expressão anormal favorece o crescimento descontrolado da célula.
O risco de desenvolver câncer do pulmão em indivíduos com história familial é 2,5 vezes maior do que na população geral.

Tipos:
1.   
    Carcinoma epidermoide: é o mais frequente, o menos heterogêneo morfologicamente e o mais associado ao tabagismo. É mais comum em homens. O tumor tende a aparecer nos grandes brônquios. Seu crescimento é mais lento do que os demais; suas metástases são para os linfonodos regionais, sendo tardia a disseminação hematogênica. É o de melhor prognóstico.
Macroscopicamente, pode se apresentar desde pequena tumoração endobrônquica obstrutiva até as grandes massas cavitárias. A neoplasia tende a invadir a cartilagem, o parênquima pulmonar e os linfonodos. É facilmente visível à endoscopia.
Histologicamente, o tumor é formado por células epiteliais contendo pontes intercelulares e ceratinização individual ou sob a forma de pérolas córneas. Outro sinal de diferenciação escamosa é a presença de ninhos sólidos com células de núcleo hipercromático. A mucosa adjacente apresenta áreas de metaplasia escamosa, displasia ou carcinoma in situ. A lesão é usualmente envolvida por estroma. Quanto ao grau de diferenciação, o tumor pode ser: (1) bem diferenciado, com características de células escamosas; (2) moderadamente diferenciado, características intermediárias; (3) pouco diferenciado, com células pouco discerníveis e indiferenciadas.
2.       Adenocarcinoma: mais frequente em mulheres e sua associação com o tabagismo é pouco importante. Localiza-se na periferia dos pulmões e muitas vezes envolve a pleura visceral e frequentemente se associa a lesões destrutivas ou cicatrizes no parênquima pulmonar ou a hiperplasia dos pneumócitos. A maioria se origina nas vias aéreas periféricas nas células de Clara ou nos pneumócitos do tipo II.
Macroscopicamente, trata-se de lesão com superfície homogênea, sólida e de coloração marfim, às vezes com aspecto translúcido.
Microscopicamente, é neoplasia maligna com diferenciação glandular e produção de mucina, podendo ser dividido nos padrões acinar, papilífero, carcinoma sólido com formação de muco e carcinoma bronquíolo-alveolar. Também pode ser dividido em bem, moderadamente ou pouco diferenciado.
3.       Carcinoma bronquíolo-alveolar: aparece em indivíduos jovens até idosos, afetando igualmente os dois sexos.
O tumor apresenta-se sob duas formas: (1) localizada, como nódulo periférico de crescimento lento e melhor prognóstico; (2) difusa, como pequenos nódulos que acometem grandes áreas do pulmão, às vezes bilateralmente. O prognóstico é pior e a morte ocorre por insuficiência respiratória. O tumor é formado por células cúbicas ou prismática, situadas ao longo de alvéolos e bronquíolos.
4.       Carcinoma de células grandes: tipo menos frequente, mas de comportamento altamente agressivo com evolução rápida para o óbito.
Lesão periférica, subpleural, não se associa a segmento brônquico e tende a formar grandes massas com áreas de necrose e hemorragia. Ao microscópio eletrônico, as células apresentam diferenciação escamosa ou glandular.
5.       Carcinoma de células pequenas: predomina na sexta ou sétima década de vida, mais comum entre homens e possui grande associação ao tabagismo. É altamente maligno e o de pior prognóstico entre os tumores pulmonares. Dá metástases com frequência, sobretudo para a medula óssea. Pode secretar diversos hormônios, resultando em diversas síndromes paraneoplásicas.
Possui localização central, formado por células pequenas e uniformes. As células tendem a se apresentar separadas ou levemente coesas, com pequena quantidade de estroma. Pode haver focos de necrose.
6.       Tumor carcinoide: derivado de células neuroendócrinas do pulmão. É mais comum até os 40 anos de idade, igual em ambos os sexos e não se relaciona ao tabagismo.
Tem localização central ou periférica e se apresenta como lesão submucosa que se projeta na luz brônquica. É formado por células uniformes e pequenas. Pode ser típico, que possui o melhor prognóstico, ou atípico.

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