ENFISEMA
É definido como aumento anormal e
permanente do tamanho dos ácinos pulmonares associado a destruição dos septos
alveolares, sem fibrose evidente. O ácino pulmonar é constituído pelo
bronquíolo respiratório, ductos e sacos alveolares e alvéolos. O conjunto de
três a cinco bronquíolos terminais e seus respectivos ácinos constitui o lobo
pulmonar. O enfisema é classificado em quatro tipos:
1. enfisema
centroacinar ou centrolobular: associado ao hábito de fumar e à bronquite
crônica, a porção central do ácino pulmonar, junto ao bronquíolo respiratório,
mostra-se acometida, poupando-se os alvéolos mais distais. Na fase avançada,
todo o ácino pode estar acometido. Acomete preferencialmente lobos superiores.
2. enfisema
panacinar ou panlobular: deficiência da α1-antitripsina, todo o
ácino está aumentado. As lesões são mais graves nas bases pulmonares.
3. enfisema
parasseptal ou acinar distal: acomete a porção distal do ácino, nas regiões
adjacentes à pleura e ao longo dos septos interlobulares. É mais comum nas
regiões superiores do pulmão e surge em áreas adjacentes a fibrose, cicatrizes
ou atelectasia. É causa frequente de pneumotórax espontâneo.
4. enfisema
irregular ou paracicatricial: assintomático, envolve o ácino de forma
irregular, e está associado a cicatrizes de processos inflamatórios antigos.
Etiopatogênese
A patogênese está envolvida com o
mecanismo protease-antiprotease, segundo a qual o enfisema resulta de
desequilíbrio entre proteases e antiproteases. Há predomínio das proteases e consequente
destruição dos septos alveolares. As enzimas provêm de neutrófilos e
macrófagos, presentes em maior número nos pulmões de fumantes.
Existem várias antiproteases,
sendo a mais abundante a α1-antitripsina, que possui a maior atividade
antielastase no parênquima pulmonar.
O fumo tem papel relevante, em
parte relacionado com a α1-antitripsina. Os principais mecanismos de
ação do fumo no desenvolvimento de enfisema envolvem atividade de células
inflamatórias e ação lesiva de agentes oxidantes. A razão pela qual a fumaça do
cigarro causa acúmulo de neutrófilos pode ser por (a) promover a liberação,
pelos macrófagos, de fatores quimiotáticos para neutrófilos; (b) atuação da
nicotina que é quimiotática para neutrófilos; (c) por deposição de seus
componentes nas bifurcações da árvore respiratória e, por serem irritantes,
estimulam reação inflamatória nesses locais. O fumo estimula ainda a liberação
de elastase pelos neutrófilos e aumenta a atividade proteolítica de elastases
dos macrófagos.
Radicais livres além de agredirem
diretamente os componentes da matriz extracelular, reduzem a eficiência do
sistema antiprotease, por inibirem a ação da α1-antitripsina. Sem
a atividade desta, enzimas proteolíticas não são inativadas e atuam sobre os
tecidos, causando destruição parenquimatosa.
Por tudo isso, o enfisema pulmonar parece
resultar da interação de fatores constitucionais e ambientais que atuam
sinergicamente e levam à destruição tecidual característica da doença.
A patogênese da obstrução das
vias respiratórias na DPOC está diretamente relacionada com a associação de (1)
estreitamentos e tortuosidades das pequenas vias respiratórias por inflamação e
fibrose (bronquiolite), que aumenta a resistência das vias respiratórias; (2)
perda do ancoramento alveolar e da força de recolhimento elástico (enfisema),
que causa fechamento precoce das pequenas vias respiratórias durante a
expiração.
Aspectos morfológicos
Macroscopicamente, os pulmões
apresentam aumento de volume e suas margens anteriores se aproximam. Nas margens
e no ápice, podem existir bolhas, às vezes volumosas. O órgão torna-se pálido e
quase completamente inelástico. Na superfície do corte, notam-se as cavidades
resultantes da dilatação dos espaços aéreos distais. O tórax fica fixado em
posição inspiratória, com aumento do diâmetro anteroposterior.
Os principais achados
microscópicos são: (1) destruição da parede dos bronquíolos e alvéolos, com
dilatação permanente dos alvéolos, sacos e ductos alveolares, perda do
componente elástico e redução do leito capilar pulmonar por destruição dos
septos alveolares; (2) obstrução de bronquíolos, que resulta em obstáculo à
saída do ar e que se deve à estenoses, deformações ou tortuosidades dos
bronquíolos ou aumento de muco nos mesmos; (3) quando existe hipertensão
pulmonar.
Aspectos fisiopatológicos e
clínicos
No enfisema centroacinar, as
lesões são mais extensas nas pequenas vias respiratórias, com fibrose,
inflamação e hipertrofia muscular. No enfisema panacinar, a limitação do fluxo
depende da perda da força de recolhimento elástico pulmonar.
Inflamação nas pequenas vias
respiratórias pode estender-se ao parênquima, levando a enfraquecimento e
destruição das paredes alveolares. Isto compromete significativamente a
patência dos bronquíolos, contribuindo para a limitação ao fluxo aéreo.
A insuficiência respiratória é
provocada por: (1) redução do fluxo aéreo, sobretudo na expiração, por causa da
deformidade dos bronquíolos e da diminuição da elasticidade pulmonar causada
por perda do componente elástico do septo alveolar; (2) dificuldade de acesso
do ar inspirado às paredes alveolares, por aumento do ar residual; (3) redução
da superfície de trocas por destruição dos septos alveolares. Em consequência
disso, as principais manifestações clínicas são dispneia, tosse, chiado e perda
de peso. Caracteristicamente, os pacientes apresentam expiração forçada e
prolongada e tórax em tonel.
bicho.. esse texto ta perfeito O.o parabéns, pq eu li umas mil vezes o Robbins e não tava conseguindo entender direito como era a fisiopatologia do enfisema e li apenas uma vez esse texto e tudo ficou clara como água!
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