Gênero
Leishmania
O
gênero Leishmania, agrupa cerca de 26
espécies de protozoários unicelulares heteroxenos, encontradas nas formas promastígota e paramastígota, flageladas livres ou aderidas ao trato
digestivo dos hospedeiros invertebrados, e amastígota, sem flagelo livre,
parasito intracelular. A espécie envolvida na infecção definirá a evolução
clínica do paciente. A reprodução ocorre por divisão binária simples em ambos
os hospedeiros.
Os
hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de mamíferos. Embora as
infecções por esses parasitos sejam mais comuns nos roedores e canídeos, são
conhecidas também entre edentados, marsupiais, procionídeos, ungulados
primitivos, primatas e, entre estes, o homem.
Como
hospedeiros invertebrados são identificados, exclusivamente, fêmeas de insetos hematófagos
conhecidos como flebotomíneos. A
transmissão ocorre por mecanismo complexo, através da picada do inseto
infectado, no momento da hematofagia.
MORFOLOGIA
As
amastigotas,. Apresentam núcleo grande e arredondado, ocupando as vezes
um terço do corpo do parasito, e cinetoplasto em forma de um pequeno bastonete,
além de vacúolos que podem ou não ser visualizados. Não há flagelo livre. Nas diferentes espécies de Leishmania, a membrana apresenta uma invaginação
na região anterior do corpo do parasito formando a bolsa flagelar, onde se
localiza o flagelo.
As
formas flageladas, promastígotas são encontradas no trato digestivo do
hospedeiro invertebrado. O núcleo é arredondado ou oval. O cinetoplasto, em forma
de bastão, localiza-se entre a extremidade anterior e o núcleo
As
paramastígotas são pequenas e arredondadas ou ovais. O flagelo é curto,
exterioriza se na região anterior do corpo e sua extremidade pode estar aderida
a superfície do trato digestivo do vetor. O núcleo mantém-se na posição mediana
do parasito e o cinetoplasto é paralelo ou
ligeiramente posterior ao núcleo.
As
promastígotas metacíclicas são as formas infectantes para os
hospedeiros vertebrados. Possuem mobilidade intensa e são encontrados livres
nas porções anteriores do trato digestivo do inseto.
CICLO
BIOLÓGICO
Os
hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastígotas metacíclicas
são inoculadas pelas fêmeas dos insetos
vetores, durante o repasto sanguíneo.
A
saliva do inseto é inoculada neste ambiente e exerce papel importante como
anticoagulante, vasodilatadora e antiagregação de plaquetas, favorecendo o
fluxo de sangue e a linfa intersticial para o alimento. Além destes efeitos, sabe-se que fatores presentes na saliva de
flebotomíneos têm ação quimiotática para
monócitos e imunorregulador, com capacidade de interagir com os macrófagos,
aumentando sua proliferação e impedindo a ação efetora destas células na
destruição dos parasitos.
As
formas promastígotas metacíclicas são
resistentes a lise pelo complemento. As formas promastígotas podem ainda
interagir com outras proteínas do soro para ativar o complemento, facilitando a
adesão a membrana do macrófago.
A
internalização de Leishmania se faz
através da endocitose mediada por
receptores na superficie do macrófago. A rápida transformação em amastígotas é
outra forma de evadir ao ataque do hospedeiro.
A amastígota inicia o processo de
sucessivas multiplicações. Na ausência do controle parasitário pela célula
hospedeira, esta se rompe e as amastígotas liberadas serão, por mecanismo
semelhante, internalizadas por outros macrófagos.
A
infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestão, no momento do repasto sanguíneo em
indivíduo ou animal infectado, das formas
amastígotas que acompanham o sangue e/ou a linfa intersticial. No intestino do
inseto, as amastígotas se transformam em (1) promastígotas, (2) paramastígotas
e (3) promastígotas metacíclicos.
Leishmaniose
Tegumentar Americana
INTRODUÇÃO
Definição
A leishmaniose tegumentar americana
(LTA) é uma doença de caráter zoonótico
que acomete o homem e diversas espécies de animais silvestres e domésticos,
podendo se manifestar através de diferentes formas clínicas. É considerada uma enfermidade polimórfica e
espectral da pele e das mucosas. As principais manifestações observadas
são:
-
a forma cutânea localizada é caracterizada por lesões
ulcerosas, indolores, únicas ou múltiplas;
-
a forma cutaneomucosa é caracterizada por lesões
mucosas agressivas que afetam as regiões nasofaríngeas;
-
a forma disseminada apresenta múltiplas úlceras
cutâneas por disseminação hematogênica ou linfática;
-
a forma difusa com lesões nodulares não-ulceradas.
AGENTE
ETIOLÓGICO
A
leishmaniose tegumentar americana é uma doença causada por parasitos do gênero Leishmania.
Os
hospedeiros vertebrados incluem grande variedade de mamíferos: roedores,
edentados (tatu, tamanduá, preguiça), marsupiais (gambá), canídeos e primatas,
incluindo o homem. A dispersão da doença nas mais variadas regiões do Brasil
tem como fator a grande variedade dos hospedeiros invertebrados.
Os
hospedeiros invertebrados são pequenos insetos
da subfamília Phlebotominae, gênero Lutzomya.
Nestes insetos ocorre parte do ciclo biológico do parasito. No caso da leishmaniose
tegumentar americana, a principal espécie envolvida é a Lutzomya intermedia.
O
processo de reprodução do agente etiológico é feito por divisão binária.
Atualmente
são conhecidas várias espécies de Leishmania
que causam a leishmaniose tegumentar. As espécies que provocam doença no homem,
particularmente as que ocorrem no Brasil são:
- Leishmania (Viannia) braziliensis;
- Leishmania (Viannia) amazonensis;
MORFOLOGIA
Formas
amastigotas. São ovóides ou
esféricas. Distingue-se a membrana citoplasmática e o citoplasma onde podemos
encontrar vacúolos, um único núcleo que apresenta-se esférico ou ovóide
disposto em geral em um dos lados da célula e o cinetoplasto, situado na
maioria das vezes próximo do núcleo; não há flagelo livre.
Formas
promastigotas. São formas alongadas em cuja região anterior
emerge um flagelo livre. No citoplasma observam-se granulações azurófilas e
pequenos vacúolos. O núcleo assemelha-se ao existente na forma amastígota;
situase na região anterior, variando bastante na sua posição.
Formas
paramastigotas. Apresentam-se ovais
ou arredondadas com o cinetoplasto margeando o núcleo ou posterior a este e um pequeno
flagelo livre. São encontradas aderidas ao epitélio do trato digestivo do
vetor.
CICLO
BIOLÓGICO
Durante
o processo de alimentação do flebotomíneo é que ocorre a transmissão do parasito.
Na tentativa da ingestão do sangue, as formas promastígotas metacíclicas são
introduzidas no local da picada. Dentro de quatro a oito horas, estes
flagelados são interiorizados pelos macrófagos teciduais. A saliva do
flebotomíneo possui neuropeptídeos vasodilatadores que atuam facilitando a
alimentação do inseto e ao mesmo tempo imunossuprimindo a resposta do
hospedeiro vertebrado. O parasito é fagocitado pelos macrófagos e envolto pelo vacúolo
fagocitário. Rapidamente as formas promastígotas se transformam em amastígotas
que são encontradas 24 horas após a fagocitose. Dentro do vacúolo fagocitário,
as amastígotas estão adaptadas ao novo meio fisiológico e resistem a ação
destruidora dos lisossomas, multiplicando-se por divisão binária até ocupar
todo o citoplasma. Esgotando-se a resistência celular, a membrana do macrófago
se rompe liberando as amastígotas no tecido, sendo novamente fagocitadas,
iniciando no local uma reação inflamatória.
A
infecção do inseto ocorre quando a fêmea pica o vertebrado para exercer o
repasto sanguíneo e juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados por
formas amastígotas. Durante o trajeto pelo trato digestivo anterior, ou ao
chegarem no estômago, os macrófagos se rompem liberando as amastígotas. Essas
sofrem uma divisão binária e se transformam rapidamente em promastígotas, que também por processos sucessivos de divisão
multiplicam-se ainda no sangue ingerido,
que é envolto por uma membrana
peritrófica secretada pelas células do estômago do inseto. Após a digestão do
sangue entre o terceiro e o quarto dias, a membrana peritrófica se rompe e as
formas promastígotas ficam livres. As promastígotas permanecem reproduzindo por
divisão binária, transformam-se em paramastígotas
e, depois, em promastígotas metacíclicas,
as formas infectantes.
MECANISMO
DE TRANSMISSÃO
A
transmissão ocorre pela picada de
insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia,
conhecidos no Brasil por birigui, mosquito-palha e tatuquira, entre outros.
Ao
exercer o hematofagismo, a fêmea do flebotomíneo corta com suas mandíbulas o
tecido subcutâneo logo abaixo da epiderme, formando sob esta um afluxo de
sangue, onde são inoculadas as formas promastígotas metacídicas.
INTERAÇÃO
PARASITO-CÉLULA HOSPEDEIRA
Com
relação aos elementos sorológicos do hospedeiro, destacam-se as proteínas do sistema do complemento, os anticorpos
(IgG) e a fibronectina.
A
saliva contribui efetivamente na infecciosidade das formas promastígotas, por
meio de substância vasodilatadora. Essa substância imunossupressora parece
inibir a apresentação de antígenos de Leishmania
pelos macrófagos e a secreção de citocinas tipo I (IL12 e INFγ). Desta
forma,
citocinas tipo II (IL4 e ILI O) agem
suprimindo a resposta imune celular favorecendo o sucesso da
infecção.
Os
anticorpos da classe IgG e as fibronectinas participam do processo de adesão
das promastígotas infectantes ao macrófago por meio de receptores para porção
Fc das IgG. As diversas espécies de Leishmania
são capazes de ativar o complemento tanto pela via clássica como pela via alternativa.
Os fatores do complemento favorecem a fagocitose e o complexo lítico final do
complemento (C5-9) é capaz de aderir a superfície dos promastígotas e provocar
a lise dessas formas. Entretanto, os LPs
(lipofosfossacarídeos) dos parasitos interferem na inserção do complexo C5-9,
provavelmente por impedimento estérico produzido pelo espessamento da LPG
(lipofosfoglicano).
No
interior do fagossoma as promastígotas transformam-se em amastígotas que
sobrevivem e se multiplicam dando início à infecção. Neste papel de
sobrevivência, destaca-se a LPG.
ASPECTOS
IMUNOLÓGICOS
Uma
resposta celular e humoral contra o parasito é desenvolvida pelo sistema imune
do homem. A resposta imunológica é modulada por linfócitos T CD+:
Thl (resistência – resposta celular – representam as formas mais brandas) e Th2
(suscetibilidade – resposta humoral).
A
leishmaniose cutâneo-difüsa está correlacionada com a resposta do tipo Th2, na
qual existe uma infiltração dérmica de macrófagos, habitualmente vacuolizados,
repletos de amastígotas e com escassez de linfócitos, caracterizando um padrão
de suscetibilidade em humanos. Nos casos
de leishmaniose cutâneo e cutaneomucosa, os níveis de anticorpos são baixos ou
discretamente aumentados quando ocorre acometimento de mucosa. Após cura
clínica, os títulos de anticorpos decrescem, deixando de ser detectados alguns
meses após a cura em alguns casos.
PATOGENIA
No
inicio da infecção, as formas promastígotas são inoculadas na derme durante o
repasto sanguíneo do flebotomineo. As
células destruídas pela probóscida do inseto e a saliva inoculada atraem para a
área células fagocitárias mononucleares, os macrófagos e outros lecócitos.
Certos macrófagos são capazes de destmir os parasitos diretamente, enquantos
outros necessitam ser estimulados. Somente macrófagos fixos (histiócitos) não-estimulados
são hábeis para o estabelecimento da infecção.
Ao serem fagocitadas, as promastígotas transformam-se em amastígotas e iniciam
reprodução por divisões binárias sucessivas; mais macrófagos são atraídos ao
sítio, onde se fixam e são infectados. A lesão inicial é manifestada por
um infiltrado inflamatório composto
principalmente de linfócitos e de macrófagos na derme, estando estes últimos
abarrotados de parasitas.
Período
de incubação: varia de duas semanas a
três meses.
Evolução
As
lesões iniciais são semelhantes, independentemente da espécie do parasito. Esta
forma inicial pode regredir espontaneamente após um breve curso abortivo, pode
permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo dérmico chamado
"histiocitoma", localizado sempre no sítio da picada do vetor
infectado. Nos estágios iniciais da infecção, histologicamente a lesão é caracterizada
pela hipertrofia do extrato córneo e da papila, com acúmulo de histiócitos nos
quais o parasito se multiplica. Gradualmente forma-se um infiltrado celular
circundando a lesão, consistindo principalmente em pequenos e grandes
linfócitos, entre os quais alguns plasmócitos. Como resultado, forma-se no
local uma reação inflamatória do tipo tuberculóide. Ocorre necrose resultando
na desintegração da epidenne e da
membrana basal que culmina com a formação de uma lesão úlcero-crostosa. Após a
perda da crosta, observa-se uma pequena cera com bordas ligeiramente salientes
e fundo recoberto por exsudato seroso ou seropurulento. Esta lesão progride,
desenvolvendo-se em uma típica úlcera leishmaniótica. Trata-se de uma úlcera de
configuração circular, bordos altos cujo fundo é granuloso, de cor
vermelha intensa, recoberto por exsudato
seroso ou seropurulento, dependendo da presença de infecções secundárias.
Seguido
a um tratamento com sucesso, forma-se no local, em substituição a úlcera, uma
cicatriz característica. Em geral a área
cicatricial está despigmentada, com uma leve depressão na pele, com uma fibrose
sob a epiderme.
FORMAS
CLÍNICAS
Um
amplo espectro de formas pode ser visto na leishmaniose tegumentar americana,
variando de uma lesão auto-resolutiva a lesões desfigurantes. Esta variação
está intimamente ligada ao estado imunológico do paciente e às espécies de Leishmania.
Asdformas
clínicas podem ser agrupadas em três tipos básicos: leishmaniose cutânea (LC),
leishmaniose cutaneomucosa (LCM) e leishmaniose cutânea difusa (LCD).
Leishmaniose
cutânea
A
leishmaniose cutânea é caracterizada pela formação de úlceras únicas ou
múltiplas confinadas na derme, com a epiderme ulcerada. A densidade de parasitos
nos bordos da úlcera formada é grande nas fases iniciais da infecção, com
tendência a escassez nas úlceras crônicas. Inicia como uma pequena inflamação,
podendo evoluir para uma úlcera rasa de bordo saliente, cuja evolução é lenta e
tende à cronicidade. A leishmaniose cutâneo-disseminada é uma variação da forma
cutânea e geralmente está relacionada com pacientes imunossuprimidos.
A L. braziliensis provoca no homem lesões
conhecidas por úlcera-de-Bauru, ferida brava, ferida seca e bouba. As lesões
primárias são usualmente únicas, ou em pequeno número, mas frequentemente de
grandes dimensões, com úlceras em forma de cratera. O curso da infecção é
geralmente irregular e crônico. Esta espécie é responsável pela forma cutânea
mais destrutiva dentre as demais conhecidas.
Leishmaniose
cutaneomucosa
O
curso da infecção nas fases iniciais ocorre como na forma cutânea. Um dos
aspectos mais típicos da doença causada pela L. braziliensis é a freqüência com que o parasito produz, meses ou
anos após a lesão inicial primária, lesões destrutivas secundárias envolvendo
mucosas e cartilagens. Trata-se de um processo lento, de curso crônico. As
regiões mais comumente afetadas pela disseminação metastásica são o nariz, a
faringe, a boca e a laringe. O primeiro sinal de comprometimento mucoso
manifesta-se por eritema e discreto infiltrado inflamatório no septo nasal,
resultando em coriza constante e posteriormente em um processo ulcerativo.
Atinge depois o vestíbulo, as asas do nariz, o assoalho da fossa nasal, o
palato mole e a úvula, daí descendo para a faringe, podendo comprometer a
laringe e a traqueia. A destruição do septo provoca mudança anatômica e aumento
do órgão, que se constitui no chamado nariz de anta. Em muitos casos ocorre
completa destruição de toda a estrutura cartilaginosa do nariz.
O
processo ulcerativo pode atingir os lábios e se propagar pela face. Estas
graves mutilações criam ao paciente dificuldades de respirar, falar e se
alimentar. São frequentes, nesta fase, complicações respiratórias por infecções
secundárias, podendo levar o paciente ao óbito.
Leishmaniose
cutânea difusa
Caracteriza-se
pela formação de lesões difusas não-ulceradas por toda a pele, contendo grande
número de amastígotas. É causada no Brasil pela L. amazonensis. Esta entidade mórbida envolve amplas áreas da pele,
particularmente extremidades e outras partes expostas. O curso inicial se
processa com a formação de uma única úlcera. A multiplicidade de lesões é
resultado de metástases do parasito de um sítio para outro através de vasos
linfáticos ou migração de macrófagos parasitados. A doença está estreitamente
associada a uma deficiência imunológica do paciente e caracteriza-se por curso
crônico e progressivo por toda a vida do paciente, não respondendo aos
tratamentos convencionais.
EPIDEMIOLOGIA
A
leishmaniose tegumentar americana é primariamente uma enzootia de animais
silvestres. A transmissão ao homem
ocorre quando este penetra em áreas onde a doença ocorre, passando a ter um
caráter zoonótico.
Um
grande número de espécies de mamíferos age como reservatório de Leishmania. No hospedeiro mamífero, considerado o
reservatório natural do parasito, raramente a Leishmania produz doença. A
infecção usualmente permanece benigna e inaparente. Em hospedeiros acidentais,
entretanto, incluindo o homem e alguns animais domésticos, a infecção produz
comumente lesões na pele.
No
Brasil, a leishmaniose tegumentar americana ocorre em todos os estados, com
maior incidência na Região Norte. Em algumas zonas, a população exposta ao
risco de infecção pode ser numerosa,
incluindo crianças, enquanto em outras localidades a enfermidade está restrita
a grupos ocupacionais, como os que trabalham em zonas florestais. Geralmente é
mais comum em zonas rurais do que urbanas.
Leishmania braziliensis
É
a espécie mais amplamente distribuída e ocorre nos Estados do Pará, Ceará, Amapá,
Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas
Gerais, Goiás e Mato Grosso. A disseminação da L. braziliensis nestas regiões tem como característica comum a
destruição das florestas primárias e, consequentemente, a invasão por parte dos
vetores do peridomicílio.
Várias
espécies de animais domésticos têm sido encontradas infectadas com frequência,
entre elas cavalos, burros e cães.
Existe
uma estreita correlação entre prevalência e distribuição da infecção humana e
canina.
Parasito
|
Reservatório
silvestre
|
Reservatório
Urbano
|
Vetor
|
L. braziliensis
|
Roedores,
raposas
|
Cães,
cavalos
|
Lu. Intermédia
|
PROFILAXIA
O
controle de leishmaniose tegumentar americana é dificil nas vastas áreas
florestais do Brasil e, no presente momento, é
insolúvel.
Em
algumas situações é possível evitar a picada dos flebotomíneos através de
proteção individual, com a utilização de repelentes e utilização de
mosquiteiros de malha fina.
Recomenda-se
a construção das casas a uma distância mínima de 500m da mata. Devido à baixa
capacidade de vôo dos flebotomíneos, raramente ultrapassam esta distância.
Além
disso, o controle dos reservatórios domésticos é de grande importância.
A
solução ideal para o controle da leishmaniose tegumentar, no Brasil, é a
produção de uma vacina. Os ensaios realizados mostraram que a vacina induz uma
sensibilização demonstrável até 14 anos após vacinação (resultados obtidos em
indivíduos vacinados e residentes em zona endêmica). A proteção conseguida foi
de 50% dos indivíduos vacinados e observados durante um ano. Atualmente estão sendo conduzidos
estudos no sentido de aumentar os níveis de proteção e de viabilizar sua utilização
em áreas de alto risco.
DIAGNÓSTICO
Diagnóstico
clínico
O
diagnóstico clínico da LTA pode ser feito com base na característica da lesão
que o paciente apresenta, associado a anamnese, na qual os dados
epidemiológicos são de grande importância. Deve ser feito o diagnóstico
diferencial de outras dermatoses granulomatosas que apresentam lesões semelhantes
à LTA e que podem ser confundidas.
Diagnóstico
laboratorial
A
demonstração do parasito pode ser feita do material obtido da lesão existente
através de:
-
Exame direto de
esfregaços corados. Após anestesia local, pode-se fazer biópsia ou curetagem
nos bordos da lesão.
-
Exame
histopatológico. O fragmento de pele obtido pela biópsia é submetido a técnicas
histológicas de rotina e exame por um experiente patologista. O encontro de
amastígotas ou de um infiltrado inflamatório compatível pode definir ou sugerir
o diagnóstico, respectivamente.
-
Cultura. Pode ser
feita a cultura de fragmentos do tecido ou de aspirados dos bordos da lesão e
de linfonodos infartados de áreas próximas a esta.
-
Inóculo em animais.
Inocula-se via intradérmica um triturado do fragmento com solução fisiológica.
Pesquisa
do DNA do parasito
A
PCR (reação em cadeia da polimerase) tem se mostrado como uma nova opção de
diagnóstico de LTA. As biópsias das bordas das lesões de pacientes suspeitos de
serem portadores de LTA são fontes de pesquisa de DNA de Leishmania sp., pela PCR.
Métodos
imunológicos
O teste imunológico mais
utilizado no Brasil tem sido o teste intradérmico de Montenegro. Este teste
avalia a reação de hipersensibilidade retardada do paciente e é utilizado para
o diagnóstico ou para monitorização de programas de vacinação contra LTA, ora
realizado no Brasil. O teste consiste no inóculo de 0,l ml de antígeno intradermicamente
na face interna do braço. No caso de reações positivas, verifica-se o estabelecimento
de uma reação inflamatória local formando um nódulo ou pápula que atinge o auge
em 48-72 horas, regredindo então.
Métodos para a avaliação da
resposta humoral
Reação de Imunofluorescência
Indireta (RIFI): sua sensibilidade é relativamente alta, variando nos estudos
realizados. Os títulos de anticorpos são normalmente baixos em casos com lesão
cutânea recente, mas podem estar aumentados nas formas crônicas da doença,
especialmente em casos de envolvimento mucoso.
Em algumas áreas onde há
dificuldade na realização da pesquisa do parasito, o diagnóstico pode ser feito
com base na avaliação clínico-epidemiológica associada ao teste de Montenegro.
Leishmaniose
Tegumentar do Velho Mundo
INTRODUÇÃO
A
leishmaniose tegumentar que ocorre no Velho Mundo é, sem dúvida, uma antiga
doença do homem. A doença ocorre em áreas onde há atividade humana,
refletindo-se em diferentes taxas de incidência. Alguns brasileiros que
trabalharam na construção de rodovias e áreas de irrigação no Oriente contraíram
infecção que foi diagnosticada no Brasil. Este fato pode levar, teoricamente, a
introdução de espécies alopátricas de Leishmania no Novo Mundo.
AGENTE ETIOLÓGICO
Três
espécies de Leishmania são conhecidas
como agentes etiológicos do botão-do-oriente:
-
L. (L.) tropica;
-
L. (L.) major;
-
L. (L.) aethiopica.
MORFOLOGIA
Similares
a Leishmania braziliensis, se
distinguem entre si e de outras espécies através do perfil eletroforético de
isoenzimas e de outras técnicas na área de biologia molecular.
DIAGNÓSTICO
Semelhante
ao utilizado na leishmaniose tegumentar americana.
EPIDEMIOLOGIA
Na
leishmaniose cutânea antroponótica ou urbana, causada pela L. tropica, o homem é considerado o único hospedeiro que mantém a
infecção na natureza.
Na
leishmaniose cutânea zoonótica ou rural causada pela L. major, a doença é mantida usualmente por reservatórios que são
roedores de hábitos diurnos.
A
leishmaniose cutânea por L. aethiopica
ocorre, principalmente, em áreas montanhosas da Etiópia e Monte Elgon, no
Quênia.
PROFILAXIA
O
controle tem como base medidas contra os vetores e reservatórios.
O
controle dos flebotomíneos é pouco prático na prevenção da leishmaniose cutânea
zoonótica. O controle de roedores e a modificação do meio ambiente são necessários
para a infecção zoonótica.
Uma
das formas tradicionais do controle da leishmaniose cutânea do Velho Mundo foi
a vacinação.
TRATAMENTO
Similar
ao da leishrnaniose tegumentar americana
obrigado pelo texto me ajudou muito.
ResponderExcluirÓtimo texto, bem explicativo.
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