HIPERTENSÃO PULMONAR
Em condições normais, a pressão
arterial pulmonar corresponde a um sexto da pressão arterial sistêmica. Por
isso, os vasos pulmonares têm paredes finas e maiores lumens do que os vasos de
igual tamanho da circulação e sistêmica e reagem a situações de hipóxia com
vasoconstrição. O preço dessa manobra em indivíduos em situação de hipóxia crônica
com vasodilatação pulmonar persistente é o aumento da resistência vascular
pulmonar e a consequente sobrecarga cardíaca direita.
Em adultos, a pressão arterial
pulmonar em repouso varia de 10 a 14 mmHg. Valores acima de 25 mmHg no repouso
e 30 mmHg no exercício são considerados patológicos e diagnósticos de
hipertensão pulmonar. Valores acima de 40 mmHg definem hipertensão pulmonar
grave.
A etiologia da hipertensão
pulmonar é variada e nem sempre conhecida.
Em poucos pacientes não se
identifica um fator causal para a hipertensão pulmonar, sendo chamada de hipertensão pulmonar idiopática ou primária. A doença que acomete mulheres
na faixa etária de 20 a 40 anos é geralmente esporádica e apenas 6% têm a forma
familial.
Na maioria dos casos, a
hipertensão pulmonar é secundária a causas diversas:
1. cardiopatias
congênitas;
2. tromboembolia
pulmonar recorrente;
3. doença
pulmonar veno-oclusiva, caracterizada por desenvolvimento de fibrose intimal e
estreitamento da luz de vênulas e veias pulmonares;
4. insuficiência
cardíaca esquerda;
5. doença
pulmonar obstrutiva crônica;
6. outras
condições como uso de certos fármacos, fatores dietéticos, doenças autoimunes,
hipertensão porta, cirrose hepática e infecção pelo HIV.
Nas formas idiopática e familial,
são encontradas mutações em dois genes (BMPR-2 e ALK-1) que codificam proteínas
da família do receptor do TGF-β.
Na hipertensão secundária,
agressão ao endotélio parece ser o mecanismo desencadeador dos eventos que
culminam em hipertensão arterial. As principais alterações são vasoconstrição,
trombos e proliferação de células endoteliais e musculares.
Clinicamente, os paciente evoluem
com insuficiência respiratória progressiva e hipertrofia ventricular direita.
Em 80% dos casos, ocorre óbito 2 a 5 anos após o diagnóstico por cor pulmonale descompensado,
tromboembolia ou pneumonia.
Aspectos morfológicos
Os achados variam de acordo com a
duração e a intensidade de hipertensão pulmonar. As lesões são progressivas com
o tempo e compõem um espectro que pode chegar até a chamada arteriopatia pulmonar plexogênica.
A lesão inicial consiste em
hipertrofia da média e muscularização das pequenas arteríolas do parênquima
pulmonar distal. Mais tarde, surge fibrose concêntrica laminar na íntima, que
pode levar a obstrução do vaso. Nos casos mais graves, ocorre necrose
fibrinoide da parede arterial e posterior formação das lesões plexiformes, que
consistem em dilatação focal da artéria, ficando a luz preenchida por tufos
capilares. Nos casos mais graves pode haver aterosclerose nos grandes ramos da
artéria pulmonar. A presença de êmbolos está relacionada com a etiologia
tromboembólica da hipertensão pulmonar.
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